sábado, 19 de dezembro de 2009

Fica o dito

O maior desafio de todos é o de que nada mais reste a ser dito. Mesmo o que escolhemos não dizer é, de uma forma ou de outra, dito. Essa é a única e verdadeira transparência. Dizer, tudo...
Palavras não são nada se não lhe botamos algum sentido.. reconstruamos esse sentidos, pois. Já não é sem tempo...

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

De um site na internet

"A diferença entre pornografia e erotismo é o tempo"

Coisa de Nerd

Um estranha e extremamente nerd observação.
"O 'game over' de um video game é o riso sarrista que a tecnologia virtual volta contra nós"

Digressão II

O Erótico é o que há de mais sincero.
Por nmeio dele, há verdade, beleza e amor, em todas as suas formas, por um dia, uma noite ou por toda a vida. No Erótico tudo existe.

L'Autre Valse d'Amélie

Acabo de assitir, pela terceira ou quarta vez "O Fabuloso Destino de Amélie Poulain". Acredito não ter sido por acaso que esse filme tenha marcado uma geração em especial e continue marcando as gerações seguintes. Como sempre, no entanto, certos detalhes se revelam depois de muito tempo.
O que prendeu minh atenção nesta vez, foi o fato de quão marcado está, em Amélie, sua infância.
O que vemos em Amélie durante o filme é a mais pura continuidade da vida marcada pelo tempo de infância da personagem. Sobretudo, ela continua uma criança.
Ao longo de todo filme ela recolhe pedras chatas para "faire de ricochette" nos canais de Paris. Essa pedras são as provas de sua memória dos tempo de criança. Elas são a materialidade daquilo que Amélie foi um dia. Essas pedras são como a expressão daquilo que, para ela, é comum: quadros falantes e pessoas estranhas surgindo em bueiros. O prazer de sentir sua mão em uma saca de grãos é expressão do mais puro detalhe que guardamos a 7 chaves dentro de nós. Por isso o narrador apresenta as personagens dizendo o que eles amam ou não.
Esse resquícios fazem com que Amélie guarde em si toda a pureza explosiva de seus sentimentos que, no mais ínfimo detalhe e simplicidade, se revela avassalador, como quando, por fim, ela se entrega a Nino: canto dos lábios, curva do pescoço e pálpebras.
Na medida em que avança a narrativa, percebemos que é essa mesma continuidade das experiências infantis identitárias e constitutivas que possibilitam a "libertação" de Amélie, cuja vida havia decidido viver para fazer bem aos outros. Pois bem, o bem aos outros também vem pelo bem a nós mesmos. E quando, ela enfim, arrisca-se a viver, liberta-se.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Do Dia-a-dia

Vivendo, assim, como se fosse simples, fazemos de nosso dia-a-dia o cotidiano mais insuportável. Então, quando algum fim se aproxima, percebemos quanto de nosso viver é deixado para trás, e percebemos o quanto disso não lembramos.
Sob o jugo do "dever", esquecemos do que importa e vivemos, então, a viver em busca de uma segunda chance; segunda chance de felicidade, prometemos a nós mesmos que "dessa vez não falharemos", que "agora sabemos como fazer as coisas". Menos mal seria se só compreendessemos que nada se revive, mas tudo pode ser encontrado uma vez mais. Feliz é a criança que, ao invés de querer viver tudo de novo, simplesmente não deixa de viver nada, transforma tudo num eterno "fazer-se de novo", numa eterna repetição do mesmo.
"O sentir é a síntese". Mas o sentir, assim, por si só não é nada. É preciso saber sentir. Saber chorar e sorrir. Saber que tudo pode ser para sempre, a partir do momento em que nossa memória guarda, em nosso íntimo, aquilo que há de mais extraordinário, ainda que mais expropriado: aquele cotidiano, no qual ainda algumas experiências s eguardam, escondidas em sendas misteriosas.
É nele que ainda podemos encontrar algo de significante. Embora o transformemos numa repetição constante, do trabalho, do tempo, dos chocs, há nele tudo que há de necessário para que apreendamos algo de significante. Olhem as crianças...
Não à toa, Janusz Korczak dedicou ao leitor afulto de "Quando eu Voltar a ser Criança" as Seguintes palavras:
"Vocês dizem:
- Cansa-nos ter de privar com crianças.
Têm razão.
Vocês dizem ainda:
- Cansa-nos, porque precisamos descer ao seu nível de compreensão.
Descer, rebaixar-se, inclinar-se, ficar curvado.
Estão equivocados.
- Não é isto o que nos cansa, e sim, o fato de termos de elevar-nos até alcançar seu nível dos sentimento das crianças.
Elevar-nos, subir, ficar na ponta dos pés, estender a mão.
Para não machucá-las".

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Eros e Arte


Foucault, em sua Vontade de Saber, aponta para a possibilidade de identificar, dentro da scientia sexualis que somente o Ocidente desenvolveu, uma certa vontade ao redor do sexo que não se limita somente a conhecê-lo cientificamente.





O saber sobre o sexo possibilita a transformação dele em arte.






Há provavelmente uma arte que é erótica no Ocidente. A questão é que o Belo, tão buscado pelos artistas ocidentais, principalmente da modernidade, vinha como uma máscara, escondendo aquilo que por si só é Belo: o corpo, o prazer e o gozo.





Algumas excessões vieram sempre em forma de absurdos assim como o L'origine du monde de Courbet ou as obras de Von Bayron.



O potencial erótico de um Lev Chivotsky é inegável. O Ocidente possui sim uma ars erotica. Ele só não sabe.






Há algo mais erótico, por exemplo, do que o Êxtase de Santa Tereza?






Angelus Novus


O anjo da história de Klee, ou melhor, de Benjamin, não consegue voltar atrás, sendo impelido por um tufão que arrasta suas asas em direção ao progresso.

Seu desejo, de voltar atrás e reviver os mortos, é um desejo humano.

Este anjo, é um anjo decaído. Assim como nossa história.

O reviver cabe à memória que somente a imagem dialética permite.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Dialética de si

Pensar e fazer... a disparidade é muito tênue.
Não há fazer sem pensar, nem pensar que não seja fazer.
A síntese está no sentir...

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Foucaultiana-Benjaminiana?


"[...] Em uma ligação ainda mais contrária à natureza, numa mistura quase alucinante, essas duas espécies de violência se encontram presentes no cerne de uma outra insituição do Estado moderno, a polícia. Porque esta é uma violência em nome de fins legais (com o direito de disposição), mas na medida, ao mesmo tempo, em que ela mesma estende amplamente o domínio destes fins (com seu direito de ordenância). [...] A violência policial liberta-se destas duas condições. Ela é fundadora de direito - pois sua função característica não é a de promulgar as leis, mas toda ordenação que ela publiciza com pretensão jurídica - e ela é conservadora de direito porque se põe à disposição dos fins que este estipula. [...] No fundo, o direito da polícia indica preferencialmente o ponto no qual o Estado, seja por impotência, seja em virtude da lógica interna de toda ordem jurídica, não pode mais garantir pelos meios desta ordem os fins empíricos que ele deseja obter a todo preço. Assim, 'para garantir a segurança', a polícia intervém em inúmeros casos nos quais a situação jurídica não é clara, sem falara daqueles nos quais, sem quaisquer referências aos fins legais, ela acompanha o cidadão, como um brutal contratante, ao longo de uma vida regrada de ordens, ou simplesmente os vigia".
Walter Benjamin. Pour une critique de la violence.


Scholem escreveu de Jerusalém em 1879 que "por razões internas, ordem das idéias e terminologia", esse texto, assim como o Fragmento teológico-político que o segue, seria de 1920-1921, sem qualquer relação com os princípios marxistas de Benjamin. Ele caracteriza essa breve fase de Benjamin, ainda sob influência de Nietzsche e interessado pela filosofia judaica, como um momento de "anarquismo-metafísico", ou "místico-anarquista".

Interessante não? Achei que valia à pena compartilhar.

PS. Perdoem qualquer erro de tradução. Quanto ao título... bem, o primeiro pensador que meio veio à cabeça ao ler isso foi Foucault. Acho que o "porquê" é meio óbvio.

A questão israelense

Essa semana o Estado de Israel aprovou a construção de 900 assentamentos em Jerusalém Oriental. Mais uma vez, este Estado desafiou as leis internacionais, tanto relativas ao Acordo de Oslo, quanto relativas ao plano Mapa de Estrada. Tudo em nome de sua soberania. Pelo menos, espera-se que seja em nome de sua soberania, porque o sionismo do Estado israelense chegou a tal ponto que não impressiona mais a idéia de que o que se pretenda na região seja uma limpeza étnica.
Como disse Primo Levi, ele mesmo judeu, cada povo tem o seu judeu, o dos judeus é o povo palestino. O que se faz em Israel contra os palestinos, é um massacre, algo digno de campos de concentração. O sionismo sobre o qual Israel se funda é um nazismo tanto quanto é um nazismo qualquer forma de nacionalismo radical. Já Adorno nos diz isso em "Educação Após Auschwitz". Por sinal, a tese central deste texto, é a de que a função da educação seja a de impedri que Auschwitz se repita. Já vivemos a barbárie e o que devemos aprender com ela é, como diz Benjamin, criar algo a partir do nada. Ela nos impele a começar de novo, ou pelo menos, deveria.
Mas o que vivemos efetivamente é que se a história se realiza a primeira vez como farsa, ela se repete como tragédia.
Há mais motivos para crer que o que se passa no Oriente Médio seja uma tentativa de limpeza étnica. Israel tem desde sempre demonstrado ódio contra os árabes. Ódio recíproco, é verdade, e infudado de ambas as partes, mas Israel fundamenta seu ódio aos árabes por providência divina. Eles, o povo escolhido, tem, por escolha de Deus, a posse da região. Usam como pretexto a desculpa religiosa de que se não tiverem um Estado não poderão nunca ser um povo. A luta dos palestinos é por um Estado que lhes foi tomado. É a luta para que se efetive o discurso das grande potências de que todos devem ter direito a comida, educação, moradia. Os palestinos lutam por uma terra deles porque sem esta terra, que lhes foi tomada e que pertence tanto aos israelenses queanto aos palestinos, não podem sobreviver.
A reivindicação de um Estado para os palestinos não é uma reivindicação cultural ou religiosa. É uma reivindicação por direitos básicos que deveriam são reconhecidos por todas as instâncias internacionais e que Israel teima em desobedecer. Tanto não é racial, religiosa ou cultural, que há parcelas do mundo árabe que são pró-Israel, como so maronitas libaneses.
Um árabe não precisa de Estado para ser árabe e é aí que as coisas se diferenciam muito. Não é uma briga de supremacia racial esta que os palestinos lutam. Um árabe será sempre um árabe porque seus pais eram árabes, porque seus filhos serão árabes, porque sua língua é o árabe. Porque isto corre em seu sangue e isto é sua história. Isso foi o que tanto admirou Sir Mark Allen, linguista e estudioso da cultura britânico. Israel, por outro lado, insiste na questão da raça, na pureza de seus filhos frente aos ismaelitas.
David Grossman, escritor israelense escreveu muito coerentemente: "Temos dezenas de bombas atômicas, tanques e aviões. Enfrentamos pessoas que não possuem nenhuma dessas armas. Mas continuamos nos sentindo vítimas. Essa incapacidade de nos vermos em relação aos outros é a nossa principal fraqueza".
E de fato, Israel tem demonstrado uma enorme incapacidade de se colocar no lugar dos outros. Há uma banalidade na postura de Israel. Tudo é justificável porque eles ainda são as vítimas. Vítimas de tudo, do holocausto, dos árabes... A insistência em transformar a história em tabu transformou as vítimas em vilões.
Por enquanto consideremos somento o Estado de Israel um Estado terrorista e nazista... esperemos um pouco mais antes de afirmar que assim, como os alemães, o povo de Israel tem uma cumplicidade arraigada em si. Muitas são as manifestações de judeus contra o próprio Estado. Eles sabem-se certos... Auschwitz não pode se repetir.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Há sempre uma pergunta

Por que será que é tão difícil simplesmente acreditar que relações possam ser significativas, por mais estranhas que pareçam, que aconteçam ou que sejam?
Por que as pessoas não podem simplesmente acreditar? Que alguém possa gostar delas mesmo sem conhecê-las? Que há pessoas que podem ser confiadas mesmo sem que as conheçamos? Que algo de bom só vem se nós fizermos algo de bom?
Por que é tão difícil acreditar que podemos acreditar?
E simplesmente acreditar. Mais nada.
Alguém sabe?

sábado, 31 de outubro de 2009

Aqualung






O disco "Aqualung" da banda britânica Jethro Tull é provavelmente um dos discos mais ricos do rock dos anos 70. Nele, Ian Anderson, flautista, vocalista, violonista e líder da banda, tece com a peculiar wit britânica uma crítica ferrenha à sociedade da época. Anderson não é um músico engajado em causas políticas, embora tenha lá sua fundação de apoio à vida selvagem felina. Somos levados a crer que uma ação política de sua parte - voltada aos homens, lógico e não aos pobres gatinhos - seria de grande significância, mas tenho razões para acreditar no contrário. Seu engajamento, assim como o de muitos outros artistas, provavelmente continuaria no âmbito insitucional, jurídico, legal, que, quando dá com uma mão comida aos famintos de Darfur, com a outra dá apoio aos rifles israelenses para o assassinato de criancinhas palestinas em nome da Democracia.




É melhor que a crítica tenha sido num disco e, embora a crítica à Industria Cultural possa ser feita, ou seja, de que a mercantilização deste disco e a produção em massa já oferece o capital necessário para a reprodução das ONGs e instituições das quais os artistas engajados fazem parte, uma saída é sempre possível. A forma como a interiorização dos conteúdos transmitidos se dará não pode ser totalmente calculada.


O fato é que a crítica (um tanto quanto nietzscheana) de Anderson à Igreja Anglicana, na segunda parte do álbum, continua atual e pode ser transposta a outros âmbitos, na medida em que completa a primeira metade do disco, que realça o olhar sobre o mendigo Aqualung, a prostituta vesga Mary, a cafetina Mother Goose e os transeuntes de uma Picadilly Circus lotada.


O fato de sua crítica ser introjetada e personalista é exatamente o que dá força às canções do álbum, com acentos poderosos de piano e uma mão rápida no violão, que mostram que, se até certo ponto, não há ação de curto prazo possível, há como conhecer a realidade que se efetiva escancaradamente.


Seguindo uma longa tradição britânica - a flauta de Anderson nos remete a madrigais elizabetanos da melhor estirpe - o Jethro Tull delicadamente retoma Shakespeare ao mostrar que a "Sabedoria clama pelas ruas, mas ninguém lhe dá ouvidos".





PS: Atentem também para as ilustrações do álbum e o "Gênese" contido no encarte.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

A Grande Recusa

Se de fato, como afirma Marcuse, a Filosofia é uma Grande Recusa, um espírito crítico incansável, então todo filósofo possui dentro de si um espírito libertário que se eleva à enésima potência. Pois a crítica é um libertar-se, é o que possibilita uma vida baseada na Verdade e na Beleza, que a própria Filosofia tanto busca.
Se todo homem é um filósofo, então a luta deve ser para que todo homem possa tornar-se nesse filósofo, pois o filósofo, por definição, ama a Verdade e a Beleza.
Com isso, quero dizer que a verdadeira quesão da Filosofia é que ela proporciona a possibilidade de uma vida que foge às regras autoritárias do mundo administrado.
A educação estética oferece a possibilidade de uma vida que se pauta no Belo em todas as suas formas: física, erótica, ideal. Critica-se o fato de que o Ocidente não tenha produzido uma arte erótica e isso em parte é verdade, mas talvez tenha havido uma certa desatenção por exemplo quanto ao Romantismo alemão, principalmente de Schiller e Goethe.
Schiller propõe os patamares de uma educação direcionada ao lúdico, que garanta o crescimento de amor ao Belo e à Verdade. Hoje já sabemos, graças a Foucault, que isso é impossível se não considerarmos todos os âmbitos da vida, pois eles não se separam: a contemplação tanto física quanto abstrata; o usufruto tanto físico quanto abstrato. Do corpo com o corpo/ desde o corpo e até o corpo, como diria Artaud.
Não à toa, Marcuse terá Schiller como um dos filósofos que garantem a possibilidade de uma civilização baseada em Eros.
Retomemos então Schiller e sua educação estética que é, além de tudo, uma lição de como um verdadeiro homem deve se portar:
"Ao jovem amigo da verdade e da beleza, que quer saber como ele, apesar de toda resistência do século, pode satisfazer ao nobre impulso em seu peito, responderei: 'Dá ao mundo em que ages a direção do bem, e o ritmo calmo do tempo trará a evolução [...] Vive com teu século, mas não sejas tua criatura; serve seus contemporâneos, mas naquilo de que carecem, não no que louvam. [...] Onde quer que os encontrares, cerca-os de formas nobres, grandes e cheias de espírito, envolve-os com os símbolos da excelência até que a aparência supere a realidade e a arte, a natureza".

Foucaultiana

Devemos sempre ser quem somos, e só.
Permanecer sempre o mesmo, no entanto, é um grande problema...

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Drunk on the Moon

Tom Waits me quebrou as pernas...


Com seu estilo jocoso, ele reconstrói vividamente a vida das grandes cidade americanas. Principalmente em seus dois primeiros discos (Closing Time e The Heart of a Saturday Night), Waits remete àquilo que sabemos existir mas tendenciosamente jogamos na marginalidade; a atos e vivências que procuramos esconder, sabendo serem resultado do desgaste da vida do trabalho.

Com forte influência Beat, canções como I hope that I dont fall in love with you e Drunk on the Moon, tiram sarro e ao mesmo tempo elogiam as atitudes boêmias dos indivíduos que dão o braço a torcer ao cansaço e à irritação. Waits chega a ser extremamente corny, mas faz disso algo chic, algo com um certo charme mal entendido. Todos sofrem de amor e todos se sentem ridículos ao sofrer de amor ou pular pelas ruas de tanta paixão.
A sacada maior de Waits e tirar suas músicas do cotidiano sujo e esquecido das madrugadas das grandes cidades. Há um quê de Crônica de um Amor Louco, de Bukowski. Confiram, e digam se tem como não vibrar...
Vale a pena conferir...

Paixão

A paixão é o que há de mais forte nas relações...
Predica-se o amor, mas esquece-se da paixão. O amor é ótimo, é puro, é necessário.
Mas é a paixão que nos move... mesmo que dure um dia apenas...
É a paixão que transforma. Que atrai homem e mulher, homem e homem, mulher e mulher. Que faz com que queiramos envolver nosso corpo sobre o outro e derretermo-nos sobre o corpo daquele por quem nos apaixonamos.
Paixão e morte são muito próximas.
A paixão é profana e é preciso profanar o mundo novamente. Virar do avesso a epiderme sob a qual o profano faz as vezes de sagrado.
A paixão é o que há!

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Dos bons

Não é bom, na maioria das vezes, que se confie nos "bonzinhos".
Geralmente, as pessoas são boazinhas porque não têm coragem suficiente para si mesmas, poir isso implica que sejam más...

Dos amigos (ou não)

Não se pode confiar em quem pensa que uma amizade é tão fácil de encontrar quanto baratas no meio da cidade de São Paulo e assim sendo, acha que qualquer um é um amigo.
Gente que se guia por isso não só é burra como tem a corrente atitude de não ser amigo de ninguém...

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

O Espírito da Juventude

Cada vez mais o homem quer ser menos homem.
É uma vergonha a atitude dos jovens dos tempo de hoje. As meninas só trepam com "amor" e os moleques (no sentido mais pejorativo do termo), sempre com "qualquer uma". Não há comprometimento e as relações são hipócritas. Essa postura, no entanto, não disfarça quem os jovens de hoje, em sua maioria, realmente são, mas deixa, para qualquer um que tenha o espírito minimante crítico, escancarada a forma de viver falsa que essas pessoas vivem. Isso se expressa em suas opiniões políticas, em suas amizades e em tudo quanto fazem.
Vender-se à moda. É isso que fazem os jovens. Vender-se ao professor que mais fala bonito, revoltar-se contra o pai débil que abandona o filho desde cedo, provendo-o com tudo que ele quer, imaginando que assim se lhe provê a felicidade. Dar-se às pessoas somente quando estas provam que podemos confiar nelas, ao que geralmente estão mentindo.
Não se arrisca a ser sincero, não se arrisca a amar, não se arrisca a elevar-se contra aquilo que é errado e colocar-se lado a lado com outros jovens, que sofrem tanto quanto eles. Não se arrisca a proclamar em alta voz a causa verdadeira que se assume, poisísso é expor também nossa fraqueza e nossos erros.
Até certa idade, pode-se culpar os pais. Mas uma pessoa de mais de 20 anos não pode ser tratado como se não precisasse assumir nenhuma irresponsabilidade. No entanto, é isso que se faz e essa juventude se torna um aparente "estado de espírito" aos oportunistas.
Neste país e no mundo "globalizado" em geral, definitiavamente criam-se jovens despreparados para viver. Nosso jovens são mal-formados, não conhecem valor ou virtude. São quase não-humanos, zumbis, brochas, fodidos, burros, ignorantes e pior que tudo. Nós somos jovens covardes.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Solidão

Benjamin gostava de remeter à La Bruyère: "Ce grand malheur, de ne pouvoir être seul".
Para Benjamin. Não poder ser solitário na contemporaneidade era um grande problema. Pois a solidão seria a única maneira de sermos nós mesmos, de pensarmos por nós mesmos e nos conhecermos. Fato. Difícil não concordar. Mais difícil ainda pensarmos em solidão nos tempos atuais. Benjamin percebeu que a solidão significa aquilo que um samba hoje antigo diz:
"Quem, da solidão fez seu bem,
Vai terminar seu refém.
E a vida para também.
Não vai nem vem."

Amália

"Triste, porém bem disposta". Amália costumava definir-se desse modo. Definiu assim, aquilo que aprece correer desde tempos imemoriais no sangue português. Nos fados, sejam eles malandros ou não, semrpe paira no ar essa aura de tristeza que se sabe triste. A saudade, provavelmente o maior legado da língua de Camões, nos invade e, cantar um fado, do tipo que seja, não é mais do que cantar a saudade que existe em nós. Saudade essa que não é mais do que uma tristeza que se sabe triste e, por isso mesmo, uma tristeza que no impulsiona aseguir em frente. Embora o sentimento nos remeta sempre ao que já passou, a instantes que permanecem em nós só na memória, ela supera a mera melancolia, porque a saudade não pretende reencontrar tempos perdidos, mas mantê-los vivos exatamente como memória.
Assim, não pretendo reviver nossa história, a saudade sabendo-se memória de algo irrepetível ou inacessível, existe somente em relação a coisas verdadeiramente significantes. Só sentimos saudades daquilo que amamos, e só amamos aquilo que nos dá saudade.
Por isso, saber-se memória, ainda que nos prenda ao passado, nos impele a seguir adiante. Saber que não se pode reviver o passado, mas somente ansiar por ele, nos leva a seguri adiante saudosamente.
Amália resumiu assim, não só a si mesma, mas a um certo lusianismo. A todos aqueles que conhecem essa tristeza bem disposta que é a saudade; essa tristeza que não pretende ser mais do que um resquício do que foi. Isso é o que Amália cantava em seus fados, que bem poderiam ser sambas...

sábado, 26 de setembro de 2009

Paisagem Urbana II

A verticalização de São Paulo dá à cidade a aparência de uma estranha mata de auraucárias. Essas araucárias, no entanto, não provéem copa alguma para que nos protejamos das sombras. Elas são a ironia do espaço social: a imagem concreta do desmatamento da vida social. Sobem os prédios e infestam-se neles, como cupins, as pessoas, que só saem para viver o tédio da vida cotidiana.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Linguagem

Toda língua é escrava de si mesma!
Por isso é importante o interesse por língua diferentes daquelas que aprendemos por nossos pais.
Aprender uma língua nova significa se aproximar das pessoas e conhecer a nós mesmos, pois uma língua não se torna "conhecida", mas vivida; e isso só se realiza por meio das pessoas que falam também essa(s) outra(s) língua(s). Somente alguém que vive o português em toda sua intensidade consegue evocar o peso da saudade, pois evoca não só uma palavra mas toda sua história, e o próprio dizer, torna mágica a coisa proferida. Isso, é óbvio, leva anos. Mas essa é a importância de se conhecer idiomas: transmitir de formas diferentes, ser possível de acessar dispositivos diversos para comunicar-se verdadeiramente.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

sábado, 22 de agosto de 2009

O choc, de novo

O esquema do choc baudelairiano veio à tona e ficou muito explícito para mim, na medida em que ouvia um certa música dos Beatles.
Essa música, Eleanor Rigby, narra a história de uma mendiga que, tendo sido morta numa igreja, sem que ninguém prestasse qualquer homenagem em seu funeral, é enterrada junto com seu nome, e esquecida.
O choc, entretanto, reside não somente nessa personagem "principal", Eleanor Rigby, mas também no Padre Mackenzie, o vigário da igreja onde Eleanor ia para juntar o arroz espalhado no chão após os casamentos. É o Padre Mackenzie que recebe, com indiferença, os golpes da vida de Eleanor Rigby. É ele que a enterra e, sem mais o que fazer, apaga os vestígios, limpando "the dirt from he´s hands as he walks from the grave".
É curioso notar, além disso, que Eleanor Rigby é enterrado "along with her name", isto significa, não só é enterrada sob um túmulo com seu nome, mas também tem seu nome enterrado junto a si, pois, retomando a idéia saramaguiana, os nomes, se não lhes pomos algo dentro, não são nada.
De qualquer modo, o choc fica explícito. Imagine-se: uma mendiga alheia num casamento junta os resíduos de um casal também alheio - pois na sociedade contemporânea os nomes não importam - uma face sem expressão, a da mendiga, e a morte sofrida dessa mendiga, alheia, e esquecida na grande multidão; e um padre, que sobra como o único capaz de contar uma história possível, que, aliando sua vivência à da mendiga, é capaz de juntar todos os cacos, resíduos e fragmentos daqueles que passam perante si, mas que, sob constante embate com essa vivência, que é uma eterna repetição, só tem como saída limpar as mãos, bater o pó e apagar os vestígios.
Para Baudelaire, os mendigos, as protitutas e o flâneur tinham importância vital, mas talvez possamos encaixar neste grupo, os confessores dos milhões de indivíduos alheios, que morrem em igrejas, hospitais, hospícios e mansões, mas são igualmente enterrados "along with their names".

domingo, 16 de agosto de 2009

Lima

Sim, voltei do Peru, há exatamente 1 semana. Por duas semanas perambulei pelas ruas de Lima, Cusco e arredores e percebi a importância de se perder para conhecer uma cidade.
Perdendo-nos, encontramos o rumo certo, pois traçar um caminho num mapa é fácil e confortável, mas descobrir, ou melhor, revelar uma cidade, prestando a atenção devide em suas esquinas, nas curvas de suas fachadas, na inclinação de suas ruas, na semelhança com as cidades que já revelamos e principalmente na dependência que cria com sua gente, isso é impagável.
Foi assim que descobri Ricardo Palma. Foi assim que, andando em Lima, me vi numa São Paulo da década de 40 ou 50 que encontramos nos livros de fotos e memórias. E digo que me senti assim não por uma questão de atraso ou coisa do tipo, mas porque Lima respira um ar de um certo metropolitanismo, mas com seus boulevards bem conservados, com suas ruas limpas e com aquele movimento pedestre das gente à caminho do trabalho e sendo muito semelhante ao ritmo de São Paulo, porém respirando outros ares, remeti a uma imagem do Viaduto do Chá já qase da década de 50 em que meus avós e meu tio-avó caminham em direção ao TEatro Municipal, com um fluxo intenso de paulistanos que hoje encontramos em nosso avós ou nos avós de nossos amigos. Mais solicitos, mais cordiais, um pouco mais autênticos.
Foi isso que senti em Lima pensando em São Paulo.

O retorno

Enfim, depois de um certo tempo ausente (quase 2 meses), volto a postar algo...
Voltei a ter paciência suficiente para refletir nas coisas que passam por minha cabeça...
Aguardem...

domingo, 19 de julho de 2009

domingo, 5 de julho de 2009

Um trecho... "de cabeça"...

Esse post poderia ser entitulado "Fragmento IV", mas.. como não tenho em mãos a referência bibliográfica para fazer uma citação bem feita, conto com minha memória para citar um trecho de Unamuno (só para variar) que diz mais ou menos o seguinte:

"Qual maior mentira que a verdade?"

Isso sempre me arrepia...

Política II

Lembrei-me de uma música de "Hair" que vai muito bem com aquele meu parágrafo sobre a política...

"I got life, mother
I got laughs, sister
I got freedom, brother
I got good times, man
I got crazy ways, daughter
I got million-dollar charm, cousin
I got headaches and toothaches
And bad times too
Like you

I got my hair
I got my head
I got my brains
I got my ears
I got my eyes
I got my nose

I got my mouth
I got my teeth
I got my tongue
I got my chin
I got my neckI
got my tits
I got my heart
I got my soul
I got my back
I got my ass
I got my arms
I got my hands
I got my fingers

Got my legs
I got my feet
I got my toes
I got my liver
Got my blood
I got my guts (I got my guts)
I got my muscles (muscles)
I got life (life)
Life (life)
Life (life)
LIFE!"

É cientes disso que devemos pensar em "política"...

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Fragmento III

"Fôssemos infinitos
Tudo mudaria
Como somos finitos
Muito permanece."

Se Fôssemos Infinitos - Bertolt Brecht.

We are the world!

Parece que há já algum tempo, é moda apontar as necessidades do mundo. Uma hora precisamos de Amor, outra hora de uma política "Firme", outra hora de mais Compaixão.
No fundo, pedimos para os outros aquilo que pensamos ser melhor para nós mesmos, passamos para os governantes, os políticos, o clero e vários outros títulos aquilo que deveríamos buscar por nós mesmos. É fácil, assim, identificar os males do mundo e tagarelar sobre isso, porque a responsabilidade não é nossa, é sempre dos que mandam... Assim, fazemos a "nossa parte" e ficamos em paz com nossa consciência...
Se podemos ser salvos, se queremos sê-lo, só nós podemos fazê-lo... há um limite para tudo... os problemas políticos do mundo são importantes... mas deixemos de substituí-los pelos nossos próprios. Deixemos de fingir que estamos em paz com nós mesmos...

terça-feira, 23 de junho de 2009

Digressão

"Os verdadeiros indivíduos do nosso tempo são os mártires que atravessaram os infernos do sofrimento e da degradação em sua resistência à conquista e à opressão, e não as personalidades bombásticas da cultura popular, os dignatários convencionais. Esses heróis não celebrados expuseram conscientemente sua existência como indivíduos à aniquilação terrorista que outros arrostam inconscientemente através dos processos sociais. Os mártires anônimos dos campos de concentração são os símbolos da humanidade que luta para nascer. A tarefa da filosofia é traduzir o que eles fizeram numa linguagem que será ouvida, mesmo que suas vozes finitas tenham sido silenciadas pela tirania". - Max Horkheimer - Eclipse da Razão

terça-feira, 9 de junho de 2009

Fragmento II




"Que sueño, el de la vida!" - Miguel de Unamuno

Vozes

Pessoa não fez mais do que dar voz aos inúmeros 'eus' que habitam em cada um. Na verdade, Caeiro, Reis, Campos ou Soares não são outros que habitam em nós, mas o pouco de nós que habita em outros e que se confluem para dar forma àquele 'yo' de Unamuno; o 'yo de carne y hueso'. Não o eu do nome, da memória ou da razão. Simplesmente, 'yo'.
Não à toa Saramago nos diz que "dentro de nós tem uma coisa que não tem nome". Os heterônimos de Pessoa constituem a tentativa frustrada de captar o inominável que nos habita, o lugar perdido da linguagem original na qual não precisávamos nos desdobrar para ter qualquer tipo de experiência. Talvez, assim como Baudelaire, que deu à sua vivência o peso de uma experiência verdadeira, pois mostrou que não há mais experiência possível, só aquela de estar sujeito às mesmas vivências cotidianas, Pessoa tenha mostrado pela sua poesia, pelo esfacelamento de seu 'eu' em vários compartimentos (a divisão entre conhecimento e alma é o que constitui o sujeito moderno), a extinção do local da experiência verdadeira.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Uma para o Alemão

"Por lo que a mí hace, jamás me entregaré de buen grado, y otorgándole mi confianza, a conductor alguno de pueblos que no esté penetrado de que, al conducir un pueblo, conduce hombres, hombres de carne y hueso, hombres que nacen, sufren, y aunque no quieran morir, mueren; hombres que son fínes en sí mismo, no sólo medios, hombres que han de ser lo que son y no otros; hombres, en fin, que buscan eso que llamamos la felicidad. Es inhumano, por ejemplo, sacrificar una generación de hombres a la generación que le sigue, cuando no se tiene sentimiento del destino de los sacrificados. No de su memoria, no de sus nombres, sino de ellos mismos".


Miguel de Unamuno - Del Sentimiento Trágico de la Vida

Resposta à poetisa de Marte

Disse a Marcianita,
Que o amor não se escolhe.
Que o coração vem antes,
e mesmo assim, que coisas colhe!

Disse a Marcianita
que o amor é uma droga.
Que a mente se avilta,
E a gente quer mais, roga.

Disse a Marcianita,
que amor dá depressão.
Que a gente se atrita,
com a própria emoção.

Disse a Marcianita,
que ele dá cabo à Vontade.
Assim, a gente grita,
E da vida se evade.

Ora poetisa!
Muito amor eu já tive!
Então, corte essa brisa!
Amando, se vive!

=)

terça-feira, 2 de junho de 2009

Cotidiano

Como conversar? Com quem? Sobre o quê?
Acabam de me vir à cabeça essas questões...
Parece, na maioria das vezes, que não temos nada a conversar. Parece realmente que a rotina, não importa de quem, já é conhecida. De fato, cada vez mais me convenço de que esse mundo capitalista se pauta pela eterna repetição do velho, que nos aparece disfarçado de novo. Por isso é preciso ter em mente que a rotina é uma invenção; que ir todos os dias aos mesmos lugares não é jamais repetição. As pessoas que vemos são outras, as vozes que ouvimos são diferentes. è preciso trazer à tona aquilo que há de mágico no tempo.
Por isso, lembro-me sempre de um dia em que, mau-humorado, pensando em meus enormes problemas, dirigindo-me à faculdade recebi de uma garotinha - tinha não mais que 4 anos - um enorme sorriso, daqueles que só uma criança pode dar, que atinge toda nossa alma. Sorri instantaneamente. A garotinha, no entanto, ao se virar olhando para o outro lado, mostrou-me uma enorme cicatriz que trazia da nuca à testa. E lá estava eu, sorrindo ainda e ela de novo sorrindo para mim.
Aquela garotinha me salvou...

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Tristesse


Schopenhauer nos diz: Alles Leben Leiden ist (toda vida é sofrimento). Ultimamente, tenho sido levado a pensar que é verdade. Percebi, no entanto, que essa afirmação, feita por um filósofo "pessimista", não signifique que a vida seja triste, depressiva ou sem valor e isso em parte pelo que Saramago escreveu em seu blog.
Numa de suas entradas, "Beijar os Nomes", ele deixa registrado que, ao ver em Espanha as pessoas lembrando o atentado aos trens de Madrid, lembrou-se das mães argentinas no memorial das vítimas da ditadura. Lá, elas beijavam os nomes marcados em pedra. Eram os nomes de seus filhos, sobrinhos, maridos, tios e etc. Tanto lá, como em Espanha, ele percebeu que o verbo solidariedade é conjugado todo dia nos seus três tempos. Por isso, percebe que na rememoração dos atentados e das vítimas da ditadura - e devemos entender que não só as vítimas desses dois casos específicos - o povo ascende ao sublime com grande dignidade, pois o belo não é apenas uma categoria do estético, podemos encontrá-lo também na ação moral.
Por isso, se olharmso para grande parte da História, talvez toda vida seja realmente sofrimento, mas que dignidade, que beleza não criamos disso. E que reconhecimento no outro, que reconhecimento do Eu, que enobrecimento do Nós, que estímulo àquela Vontade que Schopenhauer tanto elevou. Que Vontade de Vida!
Fui levado a pensar isso enquanto ouvia à Tristesse de Chopin tocada por Baden Powell. Senti, naqueles minutos, que cada vez mais minha Vontade cresce. E que cada vez mais a tristeza, dialeticamente, mostra que podemos ser felizes.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Considerações do Mês - Do Amor

Sim.. tenho tido problemas para atualizar os poucos - ou talvez tantos que eu não dê conta - pensamentos que correm pela minha cabeça. De fato, me preocupo em atualizar esse blog menos pelo fato de ninguém ler do que pelo fato de que, escrevendo - e em parte todos esrcevem para si mesmos - organizo minha cabeça, aprendo um pouco sobre o que eu mesmo penso.

De qualquer forma, cá estou mais uma vez. Parei hoje para pensar e tentei descobrir porque já há um bom tempo, cerca de 1 ano e meio, um tema vem me preocupando muito mais do que sociologia, política, antropologia ou qualquer outra coisa: o amor. Não sei porque, mas há todo esse tempo venho me preocupando de tal forma com isso que comecei a perceber ou acreditar - ou querer acreditar - que isso talvez seja realmente a coisa que mais valha a pena... Que mais me faça seguir em frente. O amor por mim mesmo, primeiro e, por mim mesmo, o amor pelos outros. Entendam que isso não se espressa em mim como uma questão de conservadorismo ou moral - se me acusarem de crente ou religioso confesso, seria mais difícil me desvencilhar - mas simplesmente uma questão de estar vivenciando e tentando fazer-me cada vez mais nessa emoção, nesse sentimento, nessa força que arrasa, para bem ou para mal....

Por quê? Por quê tão apaixonado?

terça-feira, 12 de maio de 2009

Poesofia


Em sua Metafísica do Amor, Schopenhauer nos diz serem 5 as considerações absolutas (isto é, gerais), do desejo sexual. São elas:
1) Idade;
2) Saúde;
3) Esqueleto (a forma do corpo);
4) Abundância de carne;
5) Aparência do rosto.
Embora o autor dê mais importância à idade, destacando-a como a principal consideração a despertar o instinto sexual nos homens, sem dúvida nenhuma me ative mais à 4.a. Digo isso porque imediatamente fui levado a me lembrar de um dos magistrais poemas de Drummond que transporta a sexualidade àquilo que tem de mais sublime:

Era bom alisar seu traseiro marmóreo
e nele soletrar meu destino completo:
paixão, volúpia, dor, vida e morte beijando-se
em alvos esponsais numa curva infinita.

Era amargo sentir em seu frio traseiro
a cor de outro final, a esférica renúncia
a toda aspiração de amá-la de outra forma.
Só a bunda existia, o resto era miragem.


AH!!! Ainda bem que a humanidade teve Schopenhauer e Drummond... e a carne; em aBUNDAncia!

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Fragmento


"O tempo é uma tira de elástico que estica e encolhe. Estar perto ou longe, cá ou lá, só depende da vontade" - Saramago

domingo, 10 de maio de 2009

Política

Perguntaram-me pela minha idéia pessoal de 'política'. Pois bem.
Política:
Qualquer ato pessoal. Tudo o que fazemos, criamos, pensamos , por si só, político posto que é um fazer-se no mundo, é assumir uma posição, é negar e afirmar, é transformar, é agir.
Tudo, absolutamente tudo que faço é político.
Perguntam-me então aonde se localiza a moral dessa política. Pois. Consiste na negação da insitucionalização da política, no partido, no patrulhamento. Minha ética se estabelece no fazer, em mim mesmo como indivíduo, como agente, pondo em prática crenças e convicções no trato direto com as pessoas, na sinceridade e convicção de minhas idéias.
Essa é minha ética. Não preciso participar politicamente em militâncias ou congregações. Minha luta começa no pensamento, para libertar-me das amarras de qualquer um que queira comandar-me. Aí, então, agindo em vistas da Liberdade - e sei qu enão serei livre enquanto não sejamos todos livres - faço-me político.

P.S: Acusem-me de exagerado, inocente, ingênuo, utópico. Sim, utópico. Todo socialismo, se não é utópico, tampouco é socialismo. Fique cada um com sua consciencia. Eu cá, fico com a minha, que, caso alguém se pergunte: sim, está limpíssima!

domingo, 3 de maio de 2009

Mistérios

Hoje, participando da Virada Cultural de São Paulo, assisti ao show dos grandes NovosBaianos. Pepeu, Paulinho, Baby e cia. não decepcionaram. Dando vazão a sentimentos que, como tais, são dificilmente explicáveis, me emocionei ao ver Baby chorando, ao ouvir "Mistério do Planeta", ao perder-me num torvelinho de gentes. Pela primeira vez em muito tempo, retomei minhas esperanças. Assistindo àqueles baianos de um Brasil de outros tempos, pude de novo acreditar que os males, as tristezas e a desilusão que vivemos neste país que se abandona às traças um dia acabarão.
Os NovosBaianos seguem novos, jovens e seguirão assim, pois ensinaram-nos que não há nada melhor do que sentir, amar e viver assim, apostando tudo o que podemos anseando coisas melhores.
Há quem diga que esse tipo de esperança é ingênua e inútil. Mas se algum dia alguma esperança for assim, é pelo fato de quem a proferir não mais acreditar em si mesmo.

No fim, acabou chorare e ficou tudo lindo!

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Recomeço

Depois de criar o blog em Setembro do ano passado, volto pela primeira vez esse ano para tentar levar a sério isso daqui.
Não quero fazer disso diário, pois alguém que escreve, em certa medida já escreve sobre si mesmo. Assim, quero conter-me ao máximo, deixando que libertem-se somente alguns dos pensamentos ou situações que perpassam minha mente ao longo do dia.
Hoje, como vários dias de minha vida, não me ative a qualquer tema ou assunto interessante e, assim sendo, me surpreendi com minha própria mente. Estranho como me sinto tão incomodado tanto com muitas coisas na cabeça quanto com nenhuma. Ó Taedium Vitae... ociosidade que nos transtorna... Mesmo ocupado, pareço, por vezes, viver em um estado de ócio que corrói todos os possíveis planos do dia...

Frase do dia: "Quem não nos deu amor, não nos deu nada" - João Rui de Sousa