segunda-feira, 5 de novembro de 2012

É para se apaixonar?

O problema que em geral se instaura nas mentes - embora digamos ser no coração -, é que a paixão, as paixões, são muito fortes, arrebatadoras. Sobre a paixão não há dúvida. Se estamos apaixonados, estamos apaixonados. Sorri-se pela mera causa de se saber diferente.
A paixão, como se sabe, vem da problemática grega do pathos. As pathos humanas, as paixões, são também aquilo que causa a doença. Daí o termo patológico, tão usado por nós. Quer isso dizer que a paixão é uma doença? arrisco dizer que não. Quer dizer, antes, que a paixão é uma questão de potência, de afetação. A paixão é um afeto, é algo que move sem, necessariamente, ser movido. Pois a paixão é estática, imóvel, algo comprovável em sua própria certeza. 
A paixão é, assim, cômoda. Sobre o que se tem certeza não é necessário pensar. Por isso as paixões, como as doenças, fazem mal, definham e se alguém acha a paixão um grande desafio, ou mente ou é inocente. Pois o único desafio da paixão é superá-la.
A paixão é a condição ilimitada da vontade. Não requer a intenção da própria vontade, ironizando o desejo que sentimos quando dizemos "estou apaixonado". Nesse sentido, o amor é muito mais fácil e, por isso, tanto comum e simples. Poiss requer a própria intenção, de se querer, voluntariamente, gostar de alguém. Apaixona-se, sempre, por uma imagem involuntária, incosciente. Por aquilo que o outro oferece e que pensamos nos faltar. Já o amor, que por sua simplicidade deve ser o próprio gostar, é a vontade de voluntária de criar sobre o que não se sabe, descobrindo o indesejável no querer. 
"Eu gosto de você", dizemos, arriscando parecer ridículos. E o que é a vida de fato, senão dar-se ao ridículo. Ridículo sim; aquilo que vem do riso, risível. Mas é assim que se escreve a única história que merece ser contada: aquela de todos os nomes. De nomes que se cruzam, se apresentam, se conhecem. Se gostam ou não se gostam. E riem de si.
Quando não há dúvida, há só o coforto, e os conformados.
A paixão se torna, assim, motivo de choro. Eu, particularmente, respeito mais minha risada.