segunda-feira, 1 de junho de 2009

Tristesse


Schopenhauer nos diz: Alles Leben Leiden ist (toda vida é sofrimento). Ultimamente, tenho sido levado a pensar que é verdade. Percebi, no entanto, que essa afirmação, feita por um filósofo "pessimista", não signifique que a vida seja triste, depressiva ou sem valor e isso em parte pelo que Saramago escreveu em seu blog.
Numa de suas entradas, "Beijar os Nomes", ele deixa registrado que, ao ver em Espanha as pessoas lembrando o atentado aos trens de Madrid, lembrou-se das mães argentinas no memorial das vítimas da ditadura. Lá, elas beijavam os nomes marcados em pedra. Eram os nomes de seus filhos, sobrinhos, maridos, tios e etc. Tanto lá, como em Espanha, ele percebeu que o verbo solidariedade é conjugado todo dia nos seus três tempos. Por isso, percebe que na rememoração dos atentados e das vítimas da ditadura - e devemos entender que não só as vítimas desses dois casos específicos - o povo ascende ao sublime com grande dignidade, pois o belo não é apenas uma categoria do estético, podemos encontrá-lo também na ação moral.
Por isso, se olharmso para grande parte da História, talvez toda vida seja realmente sofrimento, mas que dignidade, que beleza não criamos disso. E que reconhecimento no outro, que reconhecimento do Eu, que enobrecimento do Nós, que estímulo àquela Vontade que Schopenhauer tanto elevou. Que Vontade de Vida!
Fui levado a pensar isso enquanto ouvia à Tristesse de Chopin tocada por Baden Powell. Senti, naqueles minutos, que cada vez mais minha Vontade cresce. E que cada vez mais a tristeza, dialeticamente, mostra que podemos ser felizes.

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