segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Cantiga dos Ais

Um vídeo magnífico que me mostrou o professor José Machado Pais.
Os "ais" da vida com o acento lusitano. Acento não só na fala, mas na lírica inigualável. Quanto a mim, só posso dizer "ai! que saudades"...

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Mentiras

A mentira é rizomática...

Memória

Platão já dizia que só aqueles que esquecem precisam da memória. O que parece óbvio, nem vezes o é, de fato. Porque se essa constatação deixa claro que há algum problema com nossa história e que não podemos fugir dela, a necessidade e inevitabilidade da memória mostram que há, antes de tudo, uma necessidade de esquecer. Ainda que esqueçamos involuntariamente, sabemos que quanto mais treinamos nossa memória, mais lembramos.
O que me parece, na verdade, é que esquecemos porque se fossemos capazes de recordar tudo, a vida talvez não valhesse a pena. A memória é um jogo perigoso e deve ser sobre o perigo que ela deve ser estruturada, pois a recordação do perigo é o que afasta sua repetição. Assim como certas flores só desabrocham com o pôr-do-sol, exalando seu perfume por metros e metros, nossa memória deve desabrochar a cada situação, exalando imagens que atingem anos e anos. A cada lampejo, a cada fulgor, essas imagens constroem a memória sobre o tempo presente.
Se se diz que uma mentira contada mil vezes se torna verdade, isso é verdade, acima de tudo porque esquecemos. Se a mentira se tornou em nosso dias um grão que brotará como verdade com o passar dos anos, a memória, e portanto, a história - pois toda memória é histórica - deve ser a praga insistente que, ainda que morra, deixa furos e doenças nas plantas e solos.

P.S: Desculpem se o texto parece por demais um esboço ou se é imageticamente confuso, mas assim como eu tento construir minha memória como um lampejo de imagens, esse texto me veio, também, como um lampejo...

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Jethro Tull

Para mim, há uma frase em uma das músicas do Jethro Tull que só poderia ter sido escrita por alguém com talento poético imenso. Não porque ela é bonita, correta ou algo do tipo. Mas porque, ainda que beirando o banal, não pode ser contradita:

"Life is a long song"

A Espanha Franquista

Segundo Unamuno e a Espanha Franquista:

"Ya se ha oído aqui, en nuestra España, que ser liberal, esto es, hereje, es peor que ser asesino, ladrón o adúltero" UNAMUNO, Miguel de. Del Sentimiento Trágico de la Vida. Buenos Ayres: Longseller, 2004. p. 103.

Embora ele se refira ao papel da Igreja durante a Espanha franquista, essa constatação atesta bem de que modo as ideologias políticas são, em sua maioria, iguais, somente adotando formas e contornos diferentes.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Aquilo que me cansa

Algumas sentenças dos Essais de Montaigne resumem bem as coisas que, atualmente tem me cansado mais:

"En vérité, le mentir est un maudit vice";

"Odi homines ignava opera, philosopha sententia";

"Il fallait s'enquérir qui est mieux savant, non qui est plus savant"

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"Na verdade, o mentir é um vício maldito";

"Odeio os homens cujos discursos são filosóficos e as ações são nada";

"Deve-se se perguntar quem sabe melhor, não quem sabe mais".

MONTAIGNE, Michel de. Essais. Paris: Pocket Classiques, 1998.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

O amor é cego, ou será ele burro?

Há algo que eu acho estranho nas exigências de muitas pessoas sobre relacionamentos. Muita gente diz que quer alguém que goste deles da forma como eles são, e não queiram mudar-los. Ora, se estamos sempre insatisfeitos com nós mesmos, por que devemos esperar ou, pior ainda, exigir que alguém se contente ou se satisfaça com o que somos? É um tanto contraditório. É natural que quem goste de nós queira que improvisemos, que mudemos para melhor, não? Porque o negócio é o seguinte: se esperamos e queremos simplesmente que alguém se satisfaça com nós da forma como somos, somos pobres infelizes...

Omelete de Amoras

Para que as experiências voltem a existir, o mundo precisa de mais imaginação e os homens precisam admitir seus sonhos.

Trabalho

Agora que comecei a trabalhar - e sinceramente sinto que realmente tenho trabalhado pesado, mesmo porque é a primeira vez que trabalho - percebi que de fato o trabalho é um martírio. Mesmo assim, conversando com meu "chefe", que é meu amigo, percebi que é preciso aprender a trabalhar. Não só a realizar alguma técnica ou aprender um "metier", mas aprender o motivo pelo qual se trabalha, e compreender o valor desse trabalho. O motivo é muito óbvio: trabalhamos para nos sustentarmos. Mas o valor, esse é mais difícil, pois em certos trabalhos, esse valor é imaterial. Um chef de cozinha tem como recompensa sorrisos de deleite após uma refeição; um professor tem como recompensa o reconhecimento e o avanço e independência de seus alunos - de alguns só, é claro. De uma forma ou de outra, aí é que percebemos que o trabalho, ainda que seja um estorvo, pois ninguém de fato gosta de trabalhar, traz algo de bom, algo que nos ensina a compreender melhor as coisas.
Se eu escolhi me preparar para ser um docente, sei que minha recompensa serão textos publicados e aluno sque aprendam a pensar por si mesmos. Mas sei que isso será suficiente, pois é esse bem imaterial é o objetivo que desejei atingir e que atingido-o, será passado para outros. Além disso, o trabalho pode ser capaz de nos ensinar um pouco de humildade, de reconhecimento, de percepção. Comecei a aprender que não sou mais do que ninguém; e isso não por uma subserviência cristã ou algum ideal utópico, mas porque, no fim do dia, eu trabalhei em equipe, eu vi que outros precisam de mim e que eu preciso dos outros. E que não há como fugir disto.