segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Eros e Arte


Foucault, em sua Vontade de Saber, aponta para a possibilidade de identificar, dentro da scientia sexualis que somente o Ocidente desenvolveu, uma certa vontade ao redor do sexo que não se limita somente a conhecê-lo cientificamente.





O saber sobre o sexo possibilita a transformação dele em arte.






Há provavelmente uma arte que é erótica no Ocidente. A questão é que o Belo, tão buscado pelos artistas ocidentais, principalmente da modernidade, vinha como uma máscara, escondendo aquilo que por si só é Belo: o corpo, o prazer e o gozo.





Algumas excessões vieram sempre em forma de absurdos assim como o L'origine du monde de Courbet ou as obras de Von Bayron.



O potencial erótico de um Lev Chivotsky é inegável. O Ocidente possui sim uma ars erotica. Ele só não sabe.






Há algo mais erótico, por exemplo, do que o Êxtase de Santa Tereza?






Angelus Novus


O anjo da história de Klee, ou melhor, de Benjamin, não consegue voltar atrás, sendo impelido por um tufão que arrasta suas asas em direção ao progresso.

Seu desejo, de voltar atrás e reviver os mortos, é um desejo humano.

Este anjo, é um anjo decaído. Assim como nossa história.

O reviver cabe à memória que somente a imagem dialética permite.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Dialética de si

Pensar e fazer... a disparidade é muito tênue.
Não há fazer sem pensar, nem pensar que não seja fazer.
A síntese está no sentir...

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Foucaultiana-Benjaminiana?


"[...] Em uma ligação ainda mais contrária à natureza, numa mistura quase alucinante, essas duas espécies de violência se encontram presentes no cerne de uma outra insituição do Estado moderno, a polícia. Porque esta é uma violência em nome de fins legais (com o direito de disposição), mas na medida, ao mesmo tempo, em que ela mesma estende amplamente o domínio destes fins (com seu direito de ordenância). [...] A violência policial liberta-se destas duas condições. Ela é fundadora de direito - pois sua função característica não é a de promulgar as leis, mas toda ordenação que ela publiciza com pretensão jurídica - e ela é conservadora de direito porque se põe à disposição dos fins que este estipula. [...] No fundo, o direito da polícia indica preferencialmente o ponto no qual o Estado, seja por impotência, seja em virtude da lógica interna de toda ordem jurídica, não pode mais garantir pelos meios desta ordem os fins empíricos que ele deseja obter a todo preço. Assim, 'para garantir a segurança', a polícia intervém em inúmeros casos nos quais a situação jurídica não é clara, sem falara daqueles nos quais, sem quaisquer referências aos fins legais, ela acompanha o cidadão, como um brutal contratante, ao longo de uma vida regrada de ordens, ou simplesmente os vigia".
Walter Benjamin. Pour une critique de la violence.


Scholem escreveu de Jerusalém em 1879 que "por razões internas, ordem das idéias e terminologia", esse texto, assim como o Fragmento teológico-político que o segue, seria de 1920-1921, sem qualquer relação com os princípios marxistas de Benjamin. Ele caracteriza essa breve fase de Benjamin, ainda sob influência de Nietzsche e interessado pela filosofia judaica, como um momento de "anarquismo-metafísico", ou "místico-anarquista".

Interessante não? Achei que valia à pena compartilhar.

PS. Perdoem qualquer erro de tradução. Quanto ao título... bem, o primeiro pensador que meio veio à cabeça ao ler isso foi Foucault. Acho que o "porquê" é meio óbvio.

A questão israelense

Essa semana o Estado de Israel aprovou a construção de 900 assentamentos em Jerusalém Oriental. Mais uma vez, este Estado desafiou as leis internacionais, tanto relativas ao Acordo de Oslo, quanto relativas ao plano Mapa de Estrada. Tudo em nome de sua soberania. Pelo menos, espera-se que seja em nome de sua soberania, porque o sionismo do Estado israelense chegou a tal ponto que não impressiona mais a idéia de que o que se pretenda na região seja uma limpeza étnica.
Como disse Primo Levi, ele mesmo judeu, cada povo tem o seu judeu, o dos judeus é o povo palestino. O que se faz em Israel contra os palestinos, é um massacre, algo digno de campos de concentração. O sionismo sobre o qual Israel se funda é um nazismo tanto quanto é um nazismo qualquer forma de nacionalismo radical. Já Adorno nos diz isso em "Educação Após Auschwitz". Por sinal, a tese central deste texto, é a de que a função da educação seja a de impedri que Auschwitz se repita. Já vivemos a barbárie e o que devemos aprender com ela é, como diz Benjamin, criar algo a partir do nada. Ela nos impele a começar de novo, ou pelo menos, deveria.
Mas o que vivemos efetivamente é que se a história se realiza a primeira vez como farsa, ela se repete como tragédia.
Há mais motivos para crer que o que se passa no Oriente Médio seja uma tentativa de limpeza étnica. Israel tem desde sempre demonstrado ódio contra os árabes. Ódio recíproco, é verdade, e infudado de ambas as partes, mas Israel fundamenta seu ódio aos árabes por providência divina. Eles, o povo escolhido, tem, por escolha de Deus, a posse da região. Usam como pretexto a desculpa religiosa de que se não tiverem um Estado não poderão nunca ser um povo. A luta dos palestinos é por um Estado que lhes foi tomado. É a luta para que se efetive o discurso das grande potências de que todos devem ter direito a comida, educação, moradia. Os palestinos lutam por uma terra deles porque sem esta terra, que lhes foi tomada e que pertence tanto aos israelenses queanto aos palestinos, não podem sobreviver.
A reivindicação de um Estado para os palestinos não é uma reivindicação cultural ou religiosa. É uma reivindicação por direitos básicos que deveriam são reconhecidos por todas as instâncias internacionais e que Israel teima em desobedecer. Tanto não é racial, religiosa ou cultural, que há parcelas do mundo árabe que são pró-Israel, como so maronitas libaneses.
Um árabe não precisa de Estado para ser árabe e é aí que as coisas se diferenciam muito. Não é uma briga de supremacia racial esta que os palestinos lutam. Um árabe será sempre um árabe porque seus pais eram árabes, porque seus filhos serão árabes, porque sua língua é o árabe. Porque isto corre em seu sangue e isto é sua história. Isso foi o que tanto admirou Sir Mark Allen, linguista e estudioso da cultura britânico. Israel, por outro lado, insiste na questão da raça, na pureza de seus filhos frente aos ismaelitas.
David Grossman, escritor israelense escreveu muito coerentemente: "Temos dezenas de bombas atômicas, tanques e aviões. Enfrentamos pessoas que não possuem nenhuma dessas armas. Mas continuamos nos sentindo vítimas. Essa incapacidade de nos vermos em relação aos outros é a nossa principal fraqueza".
E de fato, Israel tem demonstrado uma enorme incapacidade de se colocar no lugar dos outros. Há uma banalidade na postura de Israel. Tudo é justificável porque eles ainda são as vítimas. Vítimas de tudo, do holocausto, dos árabes... A insistência em transformar a história em tabu transformou as vítimas em vilões.
Por enquanto consideremos somento o Estado de Israel um Estado terrorista e nazista... esperemos um pouco mais antes de afirmar que assim, como os alemães, o povo de Israel tem uma cumplicidade arraigada em si. Muitas são as manifestações de judeus contra o próprio Estado. Eles sabem-se certos... Auschwitz não pode se repetir.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Há sempre uma pergunta

Por que será que é tão difícil simplesmente acreditar que relações possam ser significativas, por mais estranhas que pareçam, que aconteçam ou que sejam?
Por que as pessoas não podem simplesmente acreditar? Que alguém possa gostar delas mesmo sem conhecê-las? Que há pessoas que podem ser confiadas mesmo sem que as conheçamos? Que algo de bom só vem se nós fizermos algo de bom?
Por que é tão difícil acreditar que podemos acreditar?
E simplesmente acreditar. Mais nada.
Alguém sabe?