quinta-feira, 29 de outubro de 2009

A Grande Recusa

Se de fato, como afirma Marcuse, a Filosofia é uma Grande Recusa, um espírito crítico incansável, então todo filósofo possui dentro de si um espírito libertário que se eleva à enésima potência. Pois a crítica é um libertar-se, é o que possibilita uma vida baseada na Verdade e na Beleza, que a própria Filosofia tanto busca.
Se todo homem é um filósofo, então a luta deve ser para que todo homem possa tornar-se nesse filósofo, pois o filósofo, por definição, ama a Verdade e a Beleza.
Com isso, quero dizer que a verdadeira quesão da Filosofia é que ela proporciona a possibilidade de uma vida que foge às regras autoritárias do mundo administrado.
A educação estética oferece a possibilidade de uma vida que se pauta no Belo em todas as suas formas: física, erótica, ideal. Critica-se o fato de que o Ocidente não tenha produzido uma arte erótica e isso em parte é verdade, mas talvez tenha havido uma certa desatenção por exemplo quanto ao Romantismo alemão, principalmente de Schiller e Goethe.
Schiller propõe os patamares de uma educação direcionada ao lúdico, que garanta o crescimento de amor ao Belo e à Verdade. Hoje já sabemos, graças a Foucault, que isso é impossível se não considerarmos todos os âmbitos da vida, pois eles não se separam: a contemplação tanto física quanto abstrata; o usufruto tanto físico quanto abstrato. Do corpo com o corpo/ desde o corpo e até o corpo, como diria Artaud.
Não à toa, Marcuse terá Schiller como um dos filósofos que garantem a possibilidade de uma civilização baseada em Eros.
Retomemos então Schiller e sua educação estética que é, além de tudo, uma lição de como um verdadeiro homem deve se portar:
"Ao jovem amigo da verdade e da beleza, que quer saber como ele, apesar de toda resistência do século, pode satisfazer ao nobre impulso em seu peito, responderei: 'Dá ao mundo em que ages a direção do bem, e o ritmo calmo do tempo trará a evolução [...] Vive com teu século, mas não sejas tua criatura; serve seus contemporâneos, mas naquilo de que carecem, não no que louvam. [...] Onde quer que os encontrares, cerca-os de formas nobres, grandes e cheias de espírito, envolve-os com os símbolos da excelência até que a aparência supere a realidade e a arte, a natureza".

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