terça-feira, 26 de outubro de 2010

Brasiliana

A primeira coisa que talvez se devesse considerar ao se falar em preconceitos no Brasil é que parece haver algo que precede esses próprios preconceitos. Sejam eles "raciais", econômicos, de gênero e etc. E isto é que o brasileiro tem preconceito contra si mesmo enquanto um povo, ou seja, enquanto brasileiro. Preconceito quando consideram o brasileiro pouco confiável ou preguiçoso. É isso ou o contrário que é exatamente um preconceito às avessas: assumir que tudo que vem de nós é lindo, genuíno, porque "é isso que somos". Por um lado transforma-se a pobreza e ignorância em beleza; por outro, tomam-se todas as más manifestações como se estas fossem os únicos hábitos possíveis de advir de indivíduos que crescem nesta sociedade.
O caráter de um povo existe, não tenho dúvida. Cada povo possui suas particularidades e hábitos de vida próprios, mas o caráter dos povos não estão aliados a um discurso ideologicamente político. Até agora, todas as tentativas de identificar esse nosso caráter parecem ter sido feitas com o pressuposto político de esquerdas ou direitas. No fundo de tudo isso, parece que sabemos muito bem  o que somos. Só nos falta assumir; inclusive para mudarmos a nós mesmos.

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The first thing one should have in mind when talking about the prejudices of brazilian people is that there is something that precedes all kind of prejudices, whether it is racial, economical, of gender and etc. And that is that brazilians seem to have prejudices against themselves as a people. Prejudice when considering themselves as unworthy of trust, as a lazy people. Is either that or its contrary, wich is a prejudice au contraire: assuming that anything that comes from ourselves is beautifull, is genuine, because that "the way we are". It´s either making all the poverty and ingorance the most beautifull thing or generalizing all our bad manifestations as they were the only possible habits one or another could have as individuals.
A caracther os a people exists, I have no doubt about it. Each people has its particularities and own life habits, but they´re not conected to a pressuposition that is ideologically political. So far, all the atempts to identify this caracther of ours seem to have been made with teh pressuposition of left an right wings. At the bottom of all of that, it seems to me that we know well what we are. The only thing that´s left is to assume it; specially so we can change it.

domingo, 17 de outubro de 2010

A nova esquerda

Uma das 10 teses escritas por Korsch em 1950:

2. Today, all attempts to re-establish the Marxist doctrine as a whole in its original function as a theory of the working classes social revolution are reactionary utopias.

(2. Hoje, todas aas tentativas de re-estabelecer a doutrina Marxista como um todo em sua função original de uma teoria da revolução social da classe trabalhadora, são utopias reacionárias)
 
Parece que a esuqerda brasileira se esqueceu disto. Afinal ela anda falando em "inimigos do povo" e preconceito contra as "classes populares".
 
Tirem suas conclusões. Em tempos de eleições, isso pode parecer campanha, mas a verdade é que qualquer que seja o mandante, de mim vocês só ouvirão críticas. Assim sendo, tirem suas próprias conclusões...
 
Quem quiser o texto todo, acesse: 

Ciências Sociais e Cultura Política

O que me cansa nos cientistas sociais, intelectuais de nossa época, junto com economistas e psicólogos, é que eles têm a irritante mania de achar que levam as coisas a sério, tendo sempre que tomar partido, que proferir palavras de ordem. A cegueira a que são levados por não conseguirem se encontrar dentro de seus próprios campos - pois conhecem os problemas do cientificismo, mas estão cientes de sua incapacidade de filosofar - os leva a uma profissão de fé maniqueísta: "quem não está comigo está contra mim". Porque no fundo, baseiam suas pesquisas em suas crenças.
Esse maniqueísmo é comum na cultura política brasileira: a esquerda "militante" - infelizmente a que ficou respnsável por contar a história de quem desapareceu - filha do partidão, com suas concepções "realistas" da velha URSS; e a direita reacionária, religiosa e imbecil. Uma e outra são iguais, salvo nomes e "classe social". Nas ciências sociais, resta saber em quais dos grupos você se encaixa, em quê você acredita... A velha tradição crítica da qual Florestan foi um dos precursores, morreu, englobada pelos discursos políticos. A situação dos pensadores da sociedade, esta situação embutida de religiosidade, é reflexo também daquilo que o ensino no Brasil se tornou, e de até que ponto a política é usada como dispositivo não para o controle, mas antes, para algo que dispense o controle, algo que torne o próprio controle desnecessário, um dispositivo que injeta uma auto-regulação nas pessoas.
A política é séria, claro, mas não dessa forma, não por partidos, não por discursos, não por campanhas. No fim, não deve importar "no que se acredita", mas, enfim, somos nós, cientistas sociais, psicólogos, economistas os grandes intelectuais que fazemos essa discussão, que alimentamos essa cultura política da crença em ideologias. Talvez sejamos nós o grande problema.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Democracia II

Novas do Oriente Médio:
Israel é um Estado judeu E democrático. Quem se quiser cidadão israelense deve jurar fidelidade ao judaísmo da nação, ou "judaísmo de Estado", por que não? Não sei exatamente de que democracia se trata quando um dos pilares fundamentais de um Estado que se diz democrático é o de liberdade religiosa. O que isso significa, de fato é que qualquer um pode habitar a região, mesmo aqueles que estavam lá antes da fundação do Estado de Israel, contanto que admitam uma certa história que os israelitas têm como correta: a de que, sendo o povo escolhido, aquela terra é deles e somente deles, dada diretamente por D'us. Mais uma vez, a transformação da história em tabu leva aos absurdos da atualidade. A transformação da religião em política pelo Estado de Israel faz com que eles regridam séculos rebaixando-se ao mesmo nível daqueles que eles consideram seus grandes perseguidores: a Igreja, o nazi-fascismo. Aliando-se a isso o poderio nuclear, Israel não só faz papel de ridículo, com seus racismos e absurdos, como sofrerá, se não tomar cuidado, a legitimação de suas perseguições.
A outra nova é o pedido de posse dos manuscritos de Kafka que, segundo Max Brod, deveriam ficar para a Biblioteca Nacional de Jerusalém e, segundo o próprio Kafka, deveriam ter sido todos queimados. De um modo ou de outro, graças a Deus os escritos já pertencem à humanidade. A principal desculpa para esse pedido é que, segundo pesquisadores israelitas, Kafka possuiria por trás de seus textos, um tom "altamente sionista". Benjamin já havia discordado de Brod e debatido longamente com seu amigo - este sim, abertamente sionista - contra as interpretações judaicizantes de Kafka, mas no fi, a meu ver se resume a aqueles ressentidos com o passado, vingativos; e aqueles que se preocupam com o fato de que no mundo contemporâneo, "raças", gêneros e etc só são um alívio para, no fundo, não admitirmos a mesmidade do homem atual...
O rogo de Adorno continua atual: "que Auschwitz não se repita". Mas ele se repete, em Darfur, na França anti-cigana e anti-africana, na China, em Israel...

Cálice

Quando não há mais nada a dizer ou perde-se a vontade de falar, devemos nos silenciar ou gritarmos em alto e claro tom que nosso silêncio é só o medo juvenil de quem não sabe de nada. O silêncio talvez seja mesmo o medo de nos fazermos livres, ou um grito de desespero...

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Democracia

O grande problema da democracia em nosso país é, primeiro, que ela semrpe foi uma mentira; segundo, que nele, um paradigma da própria democracia ganhou proporções gigantescas: o fato de que os meios democráticos são autoritários. No Brasil, é-se obrigado a votar e o respeito pela decisão dos votos desaparece quando o convencimento retórico ganha valor de verdade. No fundo, não só não se é livre para não votar e não participar do jogo representativo, como quase não se é livre para decidir em quem votar, encontrando-se num jogo que é, acima de tudo, sofístico.
Mas ainda que os esquerdetes e reacinhas reclamem de votos em Tiriricas e Malucos-Beleza, esse tipo de voto simboliza que o povo, se sempre soube ou não sabia antes, está aprendendo votar, a utilizar, mesmo que por um protesto falho, essa obrigação de cidadania. A percentagem de votos em Marina Silva simboliza isso muito bem: Espera-se algo mais das elites governantes, dos PMDB's, PT's e PSDB's. Cedo ou tarde, essa bomba explode, caso não cortem o longo pavio deste povo que, de democrático, tem muito pouco.