quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

L'Autre Valse d'Amélie

Acabo de assitir, pela terceira ou quarta vez "O Fabuloso Destino de Amélie Poulain". Acredito não ter sido por acaso que esse filme tenha marcado uma geração em especial e continue marcando as gerações seguintes. Como sempre, no entanto, certos detalhes se revelam depois de muito tempo.
O que prendeu minh atenção nesta vez, foi o fato de quão marcado está, em Amélie, sua infância.
O que vemos em Amélie durante o filme é a mais pura continuidade da vida marcada pelo tempo de infância da personagem. Sobretudo, ela continua uma criança.
Ao longo de todo filme ela recolhe pedras chatas para "faire de ricochette" nos canais de Paris. Essa pedras são as provas de sua memória dos tempo de criança. Elas são a materialidade daquilo que Amélie foi um dia. Essas pedras são como a expressão daquilo que, para ela, é comum: quadros falantes e pessoas estranhas surgindo em bueiros. O prazer de sentir sua mão em uma saca de grãos é expressão do mais puro detalhe que guardamos a 7 chaves dentro de nós. Por isso o narrador apresenta as personagens dizendo o que eles amam ou não.
Esse resquícios fazem com que Amélie guarde em si toda a pureza explosiva de seus sentimentos que, no mais ínfimo detalhe e simplicidade, se revela avassalador, como quando, por fim, ela se entrega a Nino: canto dos lábios, curva do pescoço e pálpebras.
Na medida em que avança a narrativa, percebemos que é essa mesma continuidade das experiências infantis identitárias e constitutivas que possibilitam a "libertação" de Amélie, cuja vida havia decidido viver para fazer bem aos outros. Pois bem, o bem aos outros também vem pelo bem a nós mesmos. E quando, ela enfim, arrisca-se a viver, liberta-se.

Nenhum comentário:

Postar um comentário