quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Foucaultiana-Benjaminiana?


"[...] Em uma ligação ainda mais contrária à natureza, numa mistura quase alucinante, essas duas espécies de violência se encontram presentes no cerne de uma outra insituição do Estado moderno, a polícia. Porque esta é uma violência em nome de fins legais (com o direito de disposição), mas na medida, ao mesmo tempo, em que ela mesma estende amplamente o domínio destes fins (com seu direito de ordenância). [...] A violência policial liberta-se destas duas condições. Ela é fundadora de direito - pois sua função característica não é a de promulgar as leis, mas toda ordenação que ela publiciza com pretensão jurídica - e ela é conservadora de direito porque se põe à disposição dos fins que este estipula. [...] No fundo, o direito da polícia indica preferencialmente o ponto no qual o Estado, seja por impotência, seja em virtude da lógica interna de toda ordem jurídica, não pode mais garantir pelos meios desta ordem os fins empíricos que ele deseja obter a todo preço. Assim, 'para garantir a segurança', a polícia intervém em inúmeros casos nos quais a situação jurídica não é clara, sem falara daqueles nos quais, sem quaisquer referências aos fins legais, ela acompanha o cidadão, como um brutal contratante, ao longo de uma vida regrada de ordens, ou simplesmente os vigia".
Walter Benjamin. Pour une critique de la violence.


Scholem escreveu de Jerusalém em 1879 que "por razões internas, ordem das idéias e terminologia", esse texto, assim como o Fragmento teológico-político que o segue, seria de 1920-1921, sem qualquer relação com os princípios marxistas de Benjamin. Ele caracteriza essa breve fase de Benjamin, ainda sob influência de Nietzsche e interessado pela filosofia judaica, como um momento de "anarquismo-metafísico", ou "místico-anarquista".

Interessante não? Achei que valia à pena compartilhar.

PS. Perdoem qualquer erro de tradução. Quanto ao título... bem, o primeiro pensador que meio veio à cabeça ao ler isso foi Foucault. Acho que o "porquê" é meio óbvio.

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