segunda-feira, 2 de agosto de 2010

O amor é cego, ou será ele burro?

Há algo que eu acho estranho nas exigências de muitas pessoas sobre relacionamentos. Muita gente diz que quer alguém que goste deles da forma como eles são, e não queiram mudar-los. Ora, se estamos sempre insatisfeitos com nós mesmos, por que devemos esperar ou, pior ainda, exigir que alguém se contente ou se satisfaça com o que somos? É um tanto contraditório. É natural que quem goste de nós queira que improvisemos, que mudemos para melhor, não? Porque o negócio é o seguinte: se esperamos e queremos simplesmente que alguém se satisfaça com nós da forma como somos, somos pobres infelizes...

2 comentários:

  1. Ora, amar não é reconhecer as especificidades, não é saltar aos olhos as características que mais nos agradam??...há muita gente que se contenta com o que somos sim, nos valorizam e exaltam nossas características mais do que nós mesmos. “Nós estarmos” insatisfeitos com nós mesmos, talvez nosso modelo economico-social nos coloque nessa linha da busca pela perfeição, mas isso não é sinônimo de que todos estarão...Isso não quer dizer que somos seres engessados, que devemos ser imutáveis...Talvez uma grande característica dos seres vivos, uma grande descoberta de Darwin, é o poder de se adaptar e isso é fundamental, afinal, somos afetados pelo meio.
    Pobre infeliz é o sujeito que não ama e nem é amado, saber que alguém nos ama desse jeitinho, da forma que realmente somos talvez seja algo tão prazeroso quanto o próprio amar... Quem ama de verdade ama do jeitinho que é, não divide em defeitos ou qualidades, mas admira as caracteristicas da outra pessoa...
    Se ele é cego ou burro pouco me importa, me preocupo somente se ele é verdadeiro...

    Flavio Henrique e Françoise Mazza

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  2. Primeiramente, parece que não leram com atenção o que eu escrevi. Agradeço pela crítica, ams sou obrigado a me deter um pouco sobre ela. Nenhum dos meus textos, ainda que pareçam, tem o objetivo de expressar qualquer forma de verdade. Até esse ponto, sou culpado.
    Posso partir, então, para minha defesa. Vocês utilizam Darwin e a seleção natural para falar sobre a adaptação dos indivíduos. Bom, para Darwin, somente os mais fortes sobreviveriam, pois seriam capazes de se adaptar mais rapidamente, no tempo necessário. Amor não tem nada a ver com força ou adaptação, pois buscar a melhora de nosso caráter, ou buscar uma conduta ética eu não vejo como uma finalidade de força. O que resme o que eu quero dizer é bem simples. Se nunca estamos satisfeitos com o que somos, porque não deixamos quem nos ama, e quem nós amamos, nos mudar? Querer que melhoremos? Quem melhor do que esses que amamos?
    Pois no fundo, se queremos alguém que nos ame desse "jeitinho" que somos, não queremos nada mais do que conforto, parece que queremos alguém que,apesar de tudo, é capaz de nos amar. Bom, apesar de tudo, essa pessoa já nos ama, mas porque não podemos aceitar sua mão estendida para que nos mude? Para que nos reinvente e nos faça algo de melhor?
    Nunca sabemos se o amor é verdadeiro ou não. Não é algo que se tenha certeza, porque amor é confiança. Ou confiamos e acreditamos na pessoa amada, ou viveremos sempre na dúvida. No fundo, nós é que fazemos aquele amor verdadeiro para nós mesmos.
    Mal amado, é o sujeito que se conforta com as coisas, que se convence das coisas. Para mim, não deve haver conforto ou convencimento, mas um risco, uma loucura, de que o que se sente é real.
    Por fim, é isso: não vejo alguém melhor para nos ajudar a melhorar do que aqueles que amamos exatamente porque os amamos e eles nos amam de volta.E que nunca é demais esperar um pocuo, só um pouco mais do outro. è improtante que o outro nos ame do modo que somos, mas é importante também que os ame além do que somos.
    Afinal, como dizia o velho bardo:
    "Se o amor é cego, nunca acerta o alvo"

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