quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Sobre o Conceito de História III

Tese X: "Os objetos que a regra monacal propunha aos monges para a meditação tinham a tarefa de torná-los evessos ao mundo e à sua agitação. O curso de pensamento que aqui perseguimos emergiu de uma determinação semelhante. Num instante em que os políticos, em quem os adversários do fascismo tinham colocado as suas esperanças, jazem por terra e reforçam sua derrota com a traição à própria causa, esse curso de pensamento se propõe a desvencilhar os filhos políticos deste século dos liames com que os políticos os tinham enredado. Partimos da consideração de que a crença obstinada desses políticos no progresso, sua confiança em sua 'base de massa' e, finalmente, sua submissão servil a um aparelho incontrolável, foram os três aspectos de uma única e mesma coisa. Essa consideração procura dar uma idéia do quanto custa a nosso pensamente habitual elaborar uma concepção da história que evite toda e qualquer cumplicidade com aquela a que esses interesses políticos continuam se apegar".

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"Partimos da consideração de que a crença obstinada dos pol´tiicos no progresso, sua confiança em sua 'base de massa' e, finalmente, sua submissão servil a um aparelho incontrolável, foram três aspectos de uma única e mesma coisa". O exemplo da regra monacal expõe, junto a essa consideração, que o materialista histórico deve se distanciar das concepções, na tentativa de encontrar as causas que estão além da superficialidade e também para se distanciar das posições confortáveis das ideologias políticas do progresso.
No fundo, Benjamin parece apontar para duas questões intimamente ligadas: a primeira diz respeito ao perigo da cumplicidade com a história dominante; o que no sleva a segunda, a necessidade premente de se pensar uma história que evite essa cumplicidade. Questão teórica que se torna metodológica. De qualquer modo, isto é antes de tudo uma crítica à própria esquerda de seu tempo, ao conformismo stalinista que levou à assinatura do Pacto Ribbentrop-Molotov. E pode ser vista à luz da tese 8 de Korsch, em suas 10 teses que viriam a aparecer 10 anos após a morte de Benjamin. Ali ele denuncia o seguinte: "[...] Marxism has been changed; from a revolutionary theory it has become an ideology. This ideology could be and has been used for a variety of different goals". A solução à questão teórica e metodológica apontada por Benjamin, seria também apontada sintéticamente pelo mesmo Korsch ainda nestas 10 Teses: "the first step in re-establishing a revolutionary theory and practice consists in breaking with that Marxism wich claims to monopolize revolutionary initiative as well as theoretical and practical direction". A crítica à esquerda de seu tempo leva à concepção de um novo tipo de prática revolucionária.
Por isso, no lugar do progresso idealizado pela esquerda stalinista conformista, Benjamin vê a atualização: "O que são desvios para os outros, são para mim os dados que determinam a minha rota - Construo meus cálculos sobre os diferenciais de tempo - que, para outros, perturbam as 'grande linhas' da pesquisa" [N 1, 2]

Hipótese: Aqui Benjamin dá sinais de por onde começaria uma nova concepção de história: na autalização. Para compreender o que seja esta atualização, é necessário compreender a imagem dialética e a questã da infância.cf [N 2,2] das Passagens.


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