quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

O Rancor

Guardar rancor é até certo ponto algo inevitável. É muito difícil dizimar a raiva que alguém nos suscitou. O perdão é extamente a solução cristã para o rancor: "Não esqueça, mas não leve em conta".

Por muito tempo eu achei que o rancor fosse necessário embora eu sempre fugisse dele. Necessário para mantermos as coisas vivas: os sentimentos, o tempo, a verdade das relações entre as pessoas. A verdade, é que o rancor consome muito tempo, inibe muitos sentimentos e traz mentira a muitas relações.

O rancor nasce quando vemos que, lá no fundo, somos fracos, pois não conseguimos lidar cara-a-cara com aquilo que foi contrário à nossa vontade Esquecer é impossível. Mas porque guardar raiva de pessoas tão baixas, erradas ou pior, pequenas? Somente uma pessoa muito fraca precisa de motivos que a fortifiquem. Só resta lidar com o fato de que não haverá um dia em que esses motivos não sejam necessários.

7 comentários:

  1. Guardamos rancor também principalmente quando percebemos que a outra pessoa não se arrependeu ou não deu a mínima pra alguma coisa que nos afetou muito, sendo ela a culpada no caso.

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  2. Será que é possível guardar rancor de uma pessoa que pensamos ser (genuinamente) "...tão baixas, erradas ou pior, pequenas..."
    Temo, meu querido amigo, que esta passagem revela o antônimo de seu significado. Quer dizer... há pessoas que simplesmente não têm a capacidade para sucitar tal sentimento. Penso que estas são, exatamente, as baixas e pequenas. As sem importância. Se há rancor... penso que deve haver algum sentimento que se furtou a razão.

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  3. Concordo plenamente. Pessoas pequenas não deveriam suscitar tais sentimentos em nós, de raiva, ou inaceitabilidade. Mas assim como todas as outras coisas, é preciso aprender sobre o valor das pessoas, logo, não sei se é algo incomum recairmos em falsos juízos sobre as pessoas. Assim, guardar rancor dessas pessoas talvez seja somente o erro de quem se recusa a acreditar que tais pessoas existam, o que significa que o rancor que se guarda é, no fundo, de si mesmo.
    De qualquer modo, no que concerne ao rancor em si, você tem toda razão. Será, de fato, possível guardar rancor de tais pessoas? O único problema que eu vejo surgir no caminho da resposta a esta indagação é diz respeito a sua últiam observação. Embora eu creia serem os sentimentos passíveis de racionalização, que sentimento, no fim, surge desta mesma razão? O que quero dizer é que semrpe restará um rincão dos nossos sentidos, que se furta à razão.

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  4. O rancor do outro é o rancor de nós mesmos, porque nós, às vezes, projetamos no outro algo de ruim que está em nós mesmos.O outro é espelho de nós só que do avesso. O outro nos revela o que nós somos por dentro. E isso se dá nas nossas relações com o outro, o mundo, com as coisas em geral. Se odiamos a nós mesmos, odiaremos o outro inevitavelmente. E, daí taxaremos o outro de baixo, de errado, etc.
    Quando na verdade nós é que somos baixos, errados, etc. O outro é, muitas vezes, uma ferida narcísica que doi muito.

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  5. Cabral. Você levantou um ponto que não tinha de fato passado por minha cabeça. O outro às vezes é mesmo somente uma ferida narcísica que dói muito. mAs reduzir a questão a isso, é reduzí-la à projeção e ao psicologismo.
    O fato - porque para mim é um fato - é que muitas vezes as pessoas simplesmente são mesmo baixas, erradas e pequenas. O perdão é até mesmo uma boa solução, na medida em que o vejo bem próximo ao desprezo Nietzscheano e é só isso. Porque rancor em casos nos quais lidamos com pessoas mesquinhas?

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  6. É realmente você tem razão. Somente me atentei ao "eu" em relação ao "outro" e não o contrário. Sim realmente existem pessoas mesquinhas, erradas, etc, independente de "mim", pois mesmo porque o "eu" não é um ente absoluto, no sentido em que o "eu" abarque todos os outros entes em si mesmo, excluindo, portanto, o "outro". A questão aqui, não pode ser um via de mão única. Mas sim uma via com mão dupla, isto é, dialética.

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  7. Exatamente. A questão é sempre dialética!

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