domingo, 14 de março de 2010

Vivência... e não Experiência

Expliquem logo o que acontece, o que se tornou nossa cultura, nosso dia-a-dia? Porque a cultura não é senão isso, a manifestação amterial como resultado de como nós nos entendemos no mundo.
Diz-se que os habitantes do século XIX sonhavam com a realidade, porque despertos, não davam conta dela. A realidade se-lhes-escapava como um clarão e isso era expressão da total alienação do homem frente algo que ele mesmo produziu: os costumes, o desejo de transportar a segurança de sua casa para as ruas, as novidades tecnológicas.
Se isso é verdade, o que temos hoje é bem pior. Hoje, estamos satisfeitos. Hoje já não há nem como perceber o que nos é expropriado. Hoje, sonhar com a própria vida é expressão de nosso fechamento, de nossa incapacidade de nos reconhecermos em alguém. Sonhamos com nossa própria unidimensionalidade. E a achamos bela, satisfatória. Esse é o mando dos dias: satisfazer-se.
Apoiamo-nos em culturas e tradições que sequer sabemos de onde vem, pois só elas parecem trazer alguma resposta, fazendo parte de nossa família ou de nosso círculos de itneresses. Apoiamo-nos na mediocrização de uma cultura ideológica; desrespeitamos a história; reescrevemos-a sem combatê-la. No fundo, ela nos é indiferente.
Qualquer história deve enfrentar a questão de como ela foi escrita e a nossa sofre a pior das coisas: uma inversão de sinais.
Quase nada, quase nada, nos convida a continuar, a não ser que aceitemos a ignorância, a não ser que queiramos nos "satisfazer". Quase nada nos identifica, somos indivíduos sociais de culturas diferentes. Mas há algo que deve-se ter em mente: o fato de que Karamazov aprendeu a continuar a continuar...
Insatisfaçamo-nos, pois... ainda há tempo.

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