segunda-feira, 8 de março de 2010

Os corpos

Uma mulher estende os braços aos céus. Os seios perfeitos mal se movem. Não se vê seu rosto. Ela é linda mesmo assim... seu corpo tem proporções perfeitas; medidas conformes.


Entendo porque um professor alemão da Universidade da Califórnia disse sentir nojo da saúde e da beleza por ter crescido na Alemanha Nazista. A ditadura da moda que sofremos, e a busca incessante de um corpo perfeito, reflete a mesma ideologia. A questão é que os ideólogos de hoje talvez não se saibam ideólogos e aí mora o perigo. Não chego ao ponto de dizer que também eu sinto nojo da beleza e da saúde. Mas o medo, sim, existe. Medo de saber até que ponto a paranóia da beleza pode chegar.


Essa foto poderia ser atual, de alguma revista masculina. Mas é uma foto de propaganda do Terceiro Reich, divulgando a beleza da raça superior. Betty Paige, coitada, que morreu evangélica e reclusa, serviu aos mesmos propósitos no outro lado do Atlântico: mostrar o que a América tem a oferecer. Neste vai-e-vem de fotos e erotizações pornográficas, transformou-se o corpo feminino em objeto e a sexualidade numa satisfação egoísta. O que se vê, é uma imagem do Ideal, de como as coisas deveriam ser. O peso de perceber que a realidade não condiz com isso, é insuportável. A ditadura que sofremos sobre nossos corpos e nossa moda é o que há de mais autoritário.

Um comentário:

  1. Belíssimo texto meu amigo!
    Estou até emocionada!
    E com muitas saudades de vc!
    bjs

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