sexta-feira, 21 de maio de 2010

Da Pintura

Como olhar um quadro e interpretá-lo? Deve-se perguntar se a pintura é meramente uma representação, ou melhor uma imitação de algo ou se é, ela mesma, uma reflexão, um poema, um ensaio. Como, no entanto, identificar isso? como saber primeiro: se as intenções do artista eram a de refletir com a criação da obra; segundo: se independentemente disso, a obra expressa por si uma reflexão.
Merleau-Ponty dizia que a pintura não era uma representação, era a coisa mesma. Assim, quaquer quadro deve ser visto como ó próprio objeto retratado para, a partir daí, revelar um certo "espírito" daquilo que está ali. Técnica, objeto, tema, são todos temporais, históricos. Hoje, se um artista representa o século XIX, ele o representa quase que sempre a partir de seu próprio tempo. Quando Oiticica criou seus penetráveis, expôs ali toda uma concepção contemporânea e brasileira de espaço e a forma de se compreender nesse espaço mesmo. Assim também deve ser a análise de um quadro. Se se representa uma favela, independentemente da intenção autoral, ali pode está a favela tal como ela é, podendo estar presente nela toda a ideologia de um discurso de estetização da pobreza ou de denúncia da miséria. Uma vez que a arte não possui mais papel político, a reflexão sobre ela é fundante para um princípio de política.

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