quarta-feira, 28 de abril de 2010

Paris


Ah.. Paris. A "Cidade Luz"...




É difícil dizer o que vivi em Paris. Tudo ainda é muito recente e demoramos sempre a assimilar muitas coisas. Foi intenso. Foi rápido. Foi demorado. Longos promenades. Me senti um pouco como Rousseau. Paris, ainda que estressante e irritante, fedida, suja, te convida a pensar. E eu pensei. Pensei na família, nos amigos - especialmente em 3 deles - nas coisas que eu tenho feito. Percebi que melhorei em algo que sempre achei ruim em mim mesmo: a incapacidade de pensar nos outros. Pensei em como certas pessoas são importantes para mim, em como eu preciso de algumas delas não por necessidade, mas simplesmente porque eu as amo mais do que eu pensava.




Mas sobre Paris... bem. Paris é fedida. O metrô cheira a urina. É uma cidade linda, claro. Mas burguesa, superficial. Tudo é consumo. Tudo é aparência. Não bate um coração. Paris é um circo de satisfação. Encontra-se o que se quiser e há sempre algo novo esperando para ser consumido por você.




E o orgulho francês? Orgulhinho quase fascista - senão completamente fascista - similar ao dos italianos que se gabam de falarem com as mãos e pensar se vestirem bem. Todo monumento em Paris é pela honra e a glória da nação francesa. Chegam ao ponto de acreditar que a liberdade do mundo está intimamente ligada à liberdade da França!




Os parisienses, por sua vez... bem... não fi mal-tratado por nenhum. Não posso concordar com os que dizem que os parisienses são estúpidos. Todos foram muito solicitos. Mas ao mesmo tempo andam com o nariz um pouco arrebitado demais. Paris e os parisienses são demodês. Assim como a burguesia. Aquela coisa de sentar no café e fumar um cigarro fazendo pose acho que já devia ser fora de moda em 68.




Mas sim, Paris é lindo, a noite é intensa, eles sabem vender seus peixes. A Torre nos tira o fôlego. O Arco e principalmente o túmulo ao soldado desconhecido, são emocionantes. Só em Paris eu pude ver o molde das mãos de Chopin, bem como o piano em que ele compunha, na exposição dedicada a seu bicentenário. Com certeza o momento mais emocionante de minha estada em Paris. Não conseguia conter as lágrimas ao ouvir seus noturnos e ler suas cartas e partituras.




Só Paris me fez ver que ainda existem paixões possíveis e utópicas. Que há mulheres ainda capazes de me emocionarem, de me conquistarem em uma noite (ironicamente não era francesa). Mas isso tudo foi possível só em Paris. Foi possível ver a riqueza de um país desenvolvido e ainda assim ver a pobreza. Foi possível pensar coisas melhores para este país em que eu vivo, não por ter visto modelos, mas por ter visto uma gama de possibilidades. Aprendi a dar valor a coisas de São Paulo que antes me irritavam. Voltei uma outra pessoa. Um pouco triste, pois vislumbrei uma outra vida que poderia ter sido, ou que talvez possa ser no futuro. Não necessariamente melhor, mas diferente.




Por hoje, é tudo

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