quarta-feira, 7 de abril de 2010

As raças

O meu medo maior em relação à discussão racial que se tem hoje no país, é de que um dia, tendo ouvido por exemplo, que eu não poderia estar numa casa de samba por não ser preto, eu me pegue dando graças a Deus por ser branco.
O racismo existe, o preconceito existe, mas tenho a impressão de que se não tomarmos cuidado, se a discussão continuar movida por um mote moral, na tentativa de imbricar leis morais, ao invés de um política legal ecônomica que garanta ascensão social real, nos dividiremos assim como os pretos e os brancos nos EUA há 50 anos atrás.
Ao meu ver, perde-se de vista o foco da questão. Pedir para que o Estado redima as pessoas numa medida moral é não só um estultice, como e mlongo termo, aumenta a influência deste mesmo Estado na vida do cidadão comum, a partir de certo momento, o Estado passará a prescrever ainda mais as idéias e comportamentos socialmente aceitos.
A Jusiça será feita na medida em que se garantir à população os meios para que se atinjam os acessos à educação, à decisão democrática, à moradias melhores, à emprego. A luta primeira que as dicussões raciais estão suscitando vai além do racismo, são problemas de infra-estrutura social. A política das cotas na universidade, por exemplo, não dará acesso à universaidade para o preto mais pobre, porque esse não chegou nem a estudar. Sabemos que isso ainda existe, que uma parcela da população brasileira não tem acesso a nenhum tipo de educação, a mis básica que seja. O que acontecerá é que se criará uma elite das minorias. Minoria com vontade de maioria.
A questão do racismo ou do preconceito é uma via de mão dupla, só se resolve no embate direto em circunstâncias particulares. Quando começar a se discutir o racismo não só do branco para o preto, mas também do preto para o branco (esse tabu terceiro-mundista), aí sim o problema se agravará. Se há racismo no Estado, se o Estado é o inimigo das raças, ou DA raça, negra, então o debate não deve ser voltado contra a sociedade, mas contra o próprio Estado.
Não obstante, como disse no início desse curto texto. Me preocupa muito a moralizção institucionalizada que se busca no debate racial. É a insitucionalização de um politicamente correto que, como tal, nunca deu certo no Brasil (e dúvido que em quaquer outra sociedade). Nos EUA, a luta racial culminou numa reforma legal que resolveu acima de tudo, a desigualdade econômica, levando às populações marginais acesso à educação e aos meios democráticos tão caros à sociedade. O preconceito não vai deixar de existir. Exigir isso chega a ser absurdo.

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