domingo, 4 de abril de 2010

A carne

A carne, bendita carne, reduto de toda a verdade. O corpo, este ator principal das utopias, como diria Foucault, nos revela tudo o que há para saber. Não só o nosso, mas ainda o nosso em contato com outro. É ao mesmo tempo visível e invisível. Quente, frio, sempre com algo a ser descoberto.
A carne nos diz a verdade e o mesmo Foucault nos diz porque em "Le Corps, lieu d'utopies":
"Só o ato amoroso, quando nos entregamos a ele, acalma a utopia do nosso corpo: por isso é tão próximo, no imaginário, ao espelho e à morte. É porque só no amor o meu corpo está AQUI".
Bendito o instante em que o corpo se sente morto e, ainda que morot, mais vivo. Bendito o orgasmo que nos mostra que somos. Não bons nem maus, feios ou bonitos, mas capazes de coisas inimaginadas.
A política corpo a corpo deve ser toda ela dada por uma linguagem que não se esgote. Um mover-se, um sorrir e um olhar, que transbordem aquilo que somos, que nós mesmos, principalmente, não temos certeza do que seja.

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