quarta-feira, 16 de junho de 2010

Os filósofos

Parece que há cada vez menos filósofos. A estratificação do campo da filosofia, a necessidade burocrática de especialização cada vez maior faz com que haja pensadores políticos, estetas, metafísicos, mas poucos filósofos. Não é nada nova minha afirmação, mas o que vem me espantando é o fato de cada vez menos, aqueles que estudam filosofia não viverem a própria filosofia, isto é, não viverem de acordo com suas convicções filosóficas. Como pode-se chamar de filósofo alguém que se declara marxista em seus textos, por exemplo, mas é incapaz de viver de acordo com a ética que esboça textualmente, de acordo com os preceitos daquilo que crê ser um pensar correto sobre a vida, pois a filosofia não é nada mais do que isso: um pensar sobre a vida.
Não que, se formos filósofos seremos corretos sempre, nunca erraremos. É necessário errar, inclusive propositalmente. Pomos à prova nossas crenças, e reformulamos o pensamento e o agir. A questão é que acho inaceitável achar que, em alguém que busca ser filósofo, acreditar-se que há uma separação entre aquele fulano que dá aula, fulano acadêmico, pesquisador, e o mesmo fulano pai, amigo, marido, boleiro de domingo. O filósofo deve sim assumir uma tarefa dura de viver conforme suas "crenças" filosóficas caso ele acredite que a filosofia ainda tem algo a ensinar.

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