quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

No carnaval...

Há algo em nosso carnaval que vem mudando.
Já não se ama só por uma noite. Os que rondam nos salões não são mais de 1000 palhaços, mas 1000 desesperados. Não há mais arlequins apaixonados. Tudo é velho. O carnaval, tempo em que as coisas mais extraordinárias aconteceriam já não nos impressiona mais. Tudo é repetido. Nada há de novo. É tudo superficial e toda a sutileza dos conheceres, dos beijos e dos encontros se perdem como se fosse algo já feito.
Parece que chegamos a tal ponto de mesmidade, que não sabemos mais aproveitar uma de nossas festas mais simbólicas e mais representativas de nossa cultura. Se os feitos do carnval que antes eram extraodinários - exatamente no sentido de ser "fora do dia-a-dia" - e que, por isso mesmo eram tão intensos, já nos parecem lugar comum, não é porque temos aproveitado mais a vida, ou temos feito mais festas, mas porque até nisso nos deixamos dominar.
Elton Medeiros já vinha criticando esse aspecto do carnaval há lgumas décadas.
"No carnaval não vou querer me fantasiar
não vou querer me vestir de rei
não quero mais colorir a dor
e se alguém quiser me aplaudir
vai ter que ser assim como eu sou
não quer dizer q não vou nem brincar
só não quero é enganar o meu coração
No carnaval não vou mais sair fingindo
que passo a minha vida inteira a cantar
eu vou me divertir, na certa eu vou sambar
mas dessa vez a ilusão não vai me pegar

No carnaval eu sempre saí sorrindo
me divertindo só pra desabafar
três dias pra sorrir, um ano pra chorar
mas dessa vez a ilusão não vai me pegar".

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