segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

De noite

De noite, já não há sombra.
Prenúncio de má sorte.
De noite,
um homem canta,
só pra não chorar.

De noite.

De noite, há putas,
gordas, magras, velhas.
De noite,
há mulheres e almas,
há homens e morte.

De noite.

De noite, há tosse,
há escarro, torpor e suor.
De noite,
há cachaça e cerveja,
há chuva e calor.

De noite

De noite, não há gorjeio
Silêncio de afogamento
De noite, há a perspectiva da alvorada,
Tal qual sábado prevê domingo.

De noite, no entanto,
como o sábado prevê o domingo,
há uma morena e uma saia,
um surdo e um agogô,
há samba.

Há samba,
porque é de noite.

Nenhum comentário:

Postar um comentário