sexta-feira, 13 de julho de 2012

Quisera minha voz

Quisera minha voz,
Só para cantar fosse.
Ou nomear.
Os pássaros falam cantando.
Mas eu, tão ofensivo,
quando cala o desafio
falando sou,
o cruel que condeno.

Quisera minha voz
Só para cantar fosse.
Ou para criar nomes.
Nomes e coisas.
Coisas de pássaro,
coisas de flor.
Pois nomes já têm
as coisas de dor.

Palavras coisas, nomeadas.
Nomes novos,
coisas novas.
Quisera eu, a voz
nomeasse, atroz,
as coisas que eu nem sei.

Quisera minha voz,
Só para cantar fosse.
Ou declamar,
em versos, falar.
Versos de nomes,
só nomes quisera
minha voz declamar.

Os pássaros só falam cantando.
Quisera minha voz,
sem o problema atroz,
da distância da alma à língua,
só para cantar fosse,
Ou declamar,
em versos, falar.
Coisas de pássaro, coisas de flor.
Os pássaros falam, cantando.

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