segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Uma Impressão - Claire de Lune





Todos os dias poderiam ser preenchidos com a sensação que se tem ao ouvir Debussy...
Será que só eu penso assim? Como não querer sentir-se, todos os dias, como que recém-desperto de um sonho do qual ainda lembramos, com os raios quentes do Sol a cortar-nos o rosto, iluminando em sua fugacidade densa a maior parte do quarto - a maior parte, somente, pois estantes, livros e móveis ficam constantemente mal-iluminados, perpassados por luz em angulações estranhas, se assemelhando à nossa mente a partir do momento em que desperta, ainda que, recém-despertos, correntemente não enxergamos as partes mal-iluminadas do quarto - e ao lado o corpo ainda inerte em inconsciência da pessoa que amamos, preenchendo-nos, então, de completude, de uma doce sensação do sublime - e se é sublime só pode ser doce, por que o belo geralmente é amargo - no momento em que, ainda semi-conscientes, sorrimos, simplesmente e verdadeiramente, sorrimos.
E, mesmo com todo o prazer, todo o deleite a que somos levados ao escutar Debussy, é exatamente nesse querer estar constantemente despertando que nos vemos limitados. Embora busquemos sempre esse estado perene de semi-dormência, semi-inconsciência, há algo que nos impele à vigília completa e, ao despertamos - coisa que faremos queiramos nós ou não - nos lembramos que esse algo é a vida...

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