domingo, 5 de agosto de 2012

Sinais Honrosos Sempre Aparecem na Face de Homens Honrosos

O Sheik Abu Ali Sayyagha era um dos homens mais respeitados de seus dias. Ele era capaz de, quando fosse que encontrasse alguém pela primeira vez, adivinhar que tipo de pessoa esse alguém era: estúpido ou esperto,  generoso ou avaro, honesto ou não. Simplesmente mirando os rostos, uma ciência naquele tempo conhecida como fisiognomia.

Antes que carros fossem feitos, o Sheikh se encontrava um dia viajando a pé de Hasbayya a Jdeidet Marjeyoun (Sul do Líbano).

Quando ele atingiu a intersecção de Souq El Khan, o Sheikh encontrou um homem montando um burro indo na mesma direção. Quando o homem se aproximou dele, o Sheikh mirou sua face e disse a si mesmo: “Eu não gosto dele... não é um homem honesto”. O homem desmontou de seu burro, correu em direção ao Sheikh e perguntou: “Para onde te diriges?”.

“Jdeidet Marjeyoun”, respondeu o Sheikh. O homem disse, então, em bom som: “Que sorte tenho eu. Também para aí me dirijo”. E então insistiu para que o Sheikh montasse no burro. O Sheikh hesitou e pensou por um momento: “Como pode tão nobre gesto vir de alguém que me parece de tal modo desonesto?”. E pensando isso ele olhou novamente para o homem somente para ver sinais da desonestidade em seu rosto.

O Sheikh se desculpou de uma forma gentil dizendo: “Não, obrigado... Mas eu prefiro caminhar”. Mas o homem insistiu: “É impossível que caminhes enquanto eu monto” – e disse mais –  “Alguém que conhecemos pode passar por nós e se impressionar com quão rude e grosseiro eu seria. Não, não, deves montar, eu insisto”.

O Sheikh finalmente montou o burro, apesar de sua vontade. Toda vez que ele parava e ameaçava desmontar, o homem se punha em seu caminho ameaçando rasgar o abdômen do burro com sua adaga.

Durante o percurso o homem tagarelava sobre sua devoção e respeito aos homens do clero, algo que começou a preocupar o Sheikh ainda mais: “A mim esse homem me parece infernal, mas seu comportamento me mostra que ele é um homem de honra. Acredito que eu tenha um problema aqui. Talvez eu precise reconsiderar, de agora em diante, a maneira que eu julgo as pessoas. Se meu julgamento deste homem estiver errado, então talvez eu tenha julgado mal outros… e esse é um problema sério porque então, eu talvez perca a confiança das pessoas em mim”.


Chegando em Jdeidet Marjeyoun, o Sheikh desmontou do burro e foi-se embora…

Salam Al Rassi
O homem correu atrás do Sheikh dizendo: “Mas Eminência, não me pagaste a taxa do burro…”. O Sheikh perguntou: “Sim, é claro, quanto quereis?”. O homem respondeu: “Meio Majidi”.

 O Sheikh fitou o rosto de homem e lhe disse: “Escutai, meu amigo. Somente a verdade prevalece no fim. Eu sabia que tipo de pessoa és desde a primeira vez fitei vosso rosto, mas me preocupaste sobre o modo que leio as pessoas...” – e continuou – “Aqui está um Majidi completo e estou muito feliz que eu não estava enganado a vosso respeito”.

Salam Al Rassi. Li-alla Tadhi (Ainda que se percam).

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