Infelizmente, essa é a realidade da maioria das Universidades do país. É comum o tipo de comportamento de bando. Não existe reflexão, existe um imediatismo estúpido, plenamente passional (patológico) e fechado a qualquer sombra de racionalidade.
Sim, o Paulo não é "correto", muito menos "incorreto". Sua forma de ensino é a daquele que propõe aos alunos pensarem. A onda do politicamente correto - que tem lá seus motivos - acabou com o caráter que é propriamente subversivo e pedagógico do humor (lembremos de Kierkegaard e Sócrates). Mas é claro que isso é pedir demais. Exige-se uma seriedade total e absoluta para acabar com aquele espaço cinza conhecido como moral. Exige-se preto no branco. Exige-se da filosofia algo que não lhe cabe: a verdade total da circunstância.
Sim, o Paulo não é "correto", muito menos "incorreto". Sua forma de ensino é a daquele que propõe aos alunos pensarem. A onda do politicamente correto - que tem lá seus motivos - acabou com o caráter que é propriamente subversivo e pedagógico do humor (lembremos de Kierkegaard e Sócrates). Mas é claro que isso é pedir demais. Exige-se uma seriedade total e absoluta para acabar com aquele espaço cinza conhecido como moral. Exige-se preto no branco. Exige-se da filosofia algo que não lhe cabe: a verdade total da circunstância.
Seja como for, o problema está
posto. Existe, efetivamente, um problema entre estudantes e professores.
Isso não é de hoje. Sabemos que o clientelismo vem dando a estudantes a
postura e atitude do "Eu pago, eu faço o que quiser". Eu ouvi não
poucas vezes alunos recorrendo à ouvidoria com casos de "humilhação" por
parte de professores que haviam dado a eles nota zero numa prova.
O jeitinho ainda impera, infelizmente. Há um jeitinho para tudo. E neste momento, o jeito, aparentemente, é recorrer à acusação de fascismo. Fascismo, hoje, é um termo que cabe para tudo. Nesta luta presente entre PT e PSDB (leia-se esquerda capenga e direita burra), à qual todos nós, ignorantemente não fazemos nada, nos é legada essa forma de picuinha, de manobra política de grupelhos, de certo e errado que outorga a nosso tempo útil, a nosso tempo de trabalho do pensamento (no caso da filosofia), uma discussão que foge aos problemas tanto da filosofia quanto de nossa vida prática numa sociedade que se propõe democrática.O problema, como dito, está posto. Ele existe. Porque não, então, o debate? Porque essa briga por algo que, na verdade, não é mais do que uma briga por hegemonia? Alunos querem hegemonia, querem mandar e desmandar e sua briga política não é, pela forma que adota, briga por participação, mas por autoridade.
Pondé também foi proibido de falar. Eu entendo. Muitas vezes gostaria de falar que calasse a boca. Mas não é possível defender ou continuar defendendo a postura de silenciar um professor porque se discorda, por mais razão que haja para isso, do que ele fala. Pondé, inclusive, ao me insuflar com a vontade de mandar-lhe um tremendo "cala a boca", me mostra, ao contrário, que é esse, precisamente, o tipo de comportamento que se outorga a pensadores que vão contra a corrente, ou que pregam ideias conservadoras ou mesmo absurdas.
Esse é o jeitinho. Cala-se. Impede-se o direito fundamental de uma democracia em nome dela própria. Deseja-se coadunar pensadores conservadores à ditadura por uma pseudo-luta política que só tem, no fundo, apelativo passional, carece de argumento.
São energúmenos sim! Sempre fui a favor do protesto contra professores, universidades, reitores, políticos. Em suma, contra qualquer coisa que possa estar errada. Mas nunca fui a favor do silêncio. Silenciar alguém é não só baixo, mas cruel. Demonstração de poder por meio da linguagem, naquela perversa economia simbólica analisada por Bourdieu.
Não é preciso ser gênio, nem mesmo conhecedor de Filosofia para saber que o Paulo, com suas piadas, não reproduz o preconceito, o racismo, o machismo ou a homofobia. Ao contrário, ele os torna explícitos como sintomas de uma sociedade que, consciente da existência destas realidades, é incapaz de refletir sobre os motivos, origens e razões de ser tendo em vista o tratamento social para a erradicação de tais problemas.
Conheço o Paulo. Suas brincadeiras sempre tiveram em vista trazer à luz essas realidades preconceituosas. Aconteceu conosco quando fizemos uma aula-trote que fossemos encaminhados à coordenação do curso por "brincadeira de mal-gosto" ou algo do tipo. Ora, ninguém percebeu, então, que nenhum dos alunos fez algo contra a brincadeira que apresentava um professor como uma pessoa absolutamente racista, machista e homofobica. Ninguém fez absolutamente nada. Preferiram recorrer às "Instâncias superiores" de um sistema que exatamente estrutura e reproduz toda essa realidade.
Ignorância? Burrice? Talvez. Ou talvez simplesmente estejamos nos tornando conscientes de que uma população majoritariamente iletrada (e isso não tem a ver com analfabetismo), carece de um preparo que a possibilite filosofar, questionar.
O bumbo no auditório é uma velha estratégia de grupos estudantis. Acontece em todos os lugares e por vezes tem razão de ser. Na PUC se protesta contra medidas administrativas e jurídicas da reitoria. Na Rural do Rio se protestou contra o suposto preconceito de um professor por parte dos alunos. Ora, essas acusações não são só sérias, mas devem ser fundamentadas racionalmente.
Sim, talvez o Paulo perca a mão, force um pouco. Isso pode ser mal-entendido e tomado como ofensa. Acontece. Quando brincamos, muitas vezes erramos a medida. Não obstante, isso se resolve ali, na hora, no boca-a-boca. Andam retomando a discussão de Paulo com o Nassif. Eu reconheço e creio que Paulo perdeu a mão, atacou, denunciou e acusou Nassif de forma não muito acadêmica, mas o que foi feito em resposta? Nassif, de forma tampouco acadêmica ou polida também, respondeu e rebateu as acusações, se defendeu.
O jeitinho ainda impera, infelizmente. Há um jeitinho para tudo. E neste momento, o jeito, aparentemente, é recorrer à acusação de fascismo. Fascismo, hoje, é um termo que cabe para tudo. Nesta luta presente entre PT e PSDB (leia-se esquerda capenga e direita burra), à qual todos nós, ignorantemente não fazemos nada, nos é legada essa forma de picuinha, de manobra política de grupelhos, de certo e errado que outorga a nosso tempo útil, a nosso tempo de trabalho do pensamento (no caso da filosofia), uma discussão que foge aos problemas tanto da filosofia quanto de nossa vida prática numa sociedade que se propõe democrática.O problema, como dito, está posto. Ele existe. Porque não, então, o debate? Porque essa briga por algo que, na verdade, não é mais do que uma briga por hegemonia? Alunos querem hegemonia, querem mandar e desmandar e sua briga política não é, pela forma que adota, briga por participação, mas por autoridade.
Pondé também foi proibido de falar. Eu entendo. Muitas vezes gostaria de falar que calasse a boca. Mas não é possível defender ou continuar defendendo a postura de silenciar um professor porque se discorda, por mais razão que haja para isso, do que ele fala. Pondé, inclusive, ao me insuflar com a vontade de mandar-lhe um tremendo "cala a boca", me mostra, ao contrário, que é esse, precisamente, o tipo de comportamento que se outorga a pensadores que vão contra a corrente, ou que pregam ideias conservadoras ou mesmo absurdas.
Esse é o jeitinho. Cala-se. Impede-se o direito fundamental de uma democracia em nome dela própria. Deseja-se coadunar pensadores conservadores à ditadura por uma pseudo-luta política que só tem, no fundo, apelativo passional, carece de argumento.
São energúmenos sim! Sempre fui a favor do protesto contra professores, universidades, reitores, políticos. Em suma, contra qualquer coisa que possa estar errada. Mas nunca fui a favor do silêncio. Silenciar alguém é não só baixo, mas cruel. Demonstração de poder por meio da linguagem, naquela perversa economia simbólica analisada por Bourdieu.
Não é preciso ser gênio, nem mesmo conhecedor de Filosofia para saber que o Paulo, com suas piadas, não reproduz o preconceito, o racismo, o machismo ou a homofobia. Ao contrário, ele os torna explícitos como sintomas de uma sociedade que, consciente da existência destas realidades, é incapaz de refletir sobre os motivos, origens e razões de ser tendo em vista o tratamento social para a erradicação de tais problemas.
Conheço o Paulo. Suas brincadeiras sempre tiveram em vista trazer à luz essas realidades preconceituosas. Aconteceu conosco quando fizemos uma aula-trote que fossemos encaminhados à coordenação do curso por "brincadeira de mal-gosto" ou algo do tipo. Ora, ninguém percebeu, então, que nenhum dos alunos fez algo contra a brincadeira que apresentava um professor como uma pessoa absolutamente racista, machista e homofobica. Ninguém fez absolutamente nada. Preferiram recorrer às "Instâncias superiores" de um sistema que exatamente estrutura e reproduz toda essa realidade.
Ignorância? Burrice? Talvez. Ou talvez simplesmente estejamos nos tornando conscientes de que uma população majoritariamente iletrada (e isso não tem a ver com analfabetismo), carece de um preparo que a possibilite filosofar, questionar.
O bumbo no auditório é uma velha estratégia de grupos estudantis. Acontece em todos os lugares e por vezes tem razão de ser. Na PUC se protesta contra medidas administrativas e jurídicas da reitoria. Na Rural do Rio se protestou contra o suposto preconceito de um professor por parte dos alunos. Ora, essas acusações não são só sérias, mas devem ser fundamentadas racionalmente.
Sim, talvez o Paulo perca a mão, force um pouco. Isso pode ser mal-entendido e tomado como ofensa. Acontece. Quando brincamos, muitas vezes erramos a medida. Não obstante, isso se resolve ali, na hora, no boca-a-boca. Andam retomando a discussão de Paulo com o Nassif. Eu reconheço e creio que Paulo perdeu a mão, atacou, denunciou e acusou Nassif de forma não muito acadêmica, mas o que foi feito em resposta? Nassif, de forma tampouco acadêmica ou polida também, respondeu e rebateu as acusações, se defendeu.
As medidas pedagógicas do Paulo podem não ser convencionais, mas medidas refletidas e pensadas enquanto medidas pedagógicas por alguém que estudou e estuda ainda o problema educacional brasileiro, que entende a vida estudantil e os problemas do ensino. Sim, que reclamem que suas brincadeiras perdem a linha, forçam a barra, erram na medida. Justo. Mas que o façam a partir do diálogo. Que briguem contra aqueles que os impedem de ir a frente, não contra os que, mesmo que haja diferenças pessoais, os impulsionam a pensar e questionar. Briguem contra aquele seu colega estúpido e desonesto que por sedezinha de poder terminará sendo seu chefe corrupto, de departamento ou de bancada. Briguem contra os professores que impedem o acesso à educação por cotas ou que usem de diferenças pessoais para impedí-los de seguir adiante. Entendam que o verdadeiro inimigo não é alguém que ensina há 40 anos sem procurar tirar proveito seja financeiro, seja político, por paixão, por vocação, mas aqueles que reproduzem essa estrutura preconceituosa nas instâncias burocráticas que regem nossa sociedade "democrática", naqueles mesmos donos do poder que se escondem de nossa vista. E se entendermos que o inimigo, que o vilão, está por vezes lá no gabinete da reitoria ou na chefia do município, do estado, no chefe da polícia e na falta de debate que reproduz isso tudo, então não precisaremos silenciar ninguém. A universidade, com todos os seus males, oferece uma ágora, um espaço de debate onde contrários podem dialogar, Dia-logo, quer dizer, um argumento duplo, em que ambas as partes têm voz. Esse espaço foi aberto. Devemos usá-lo. Aí sim, saberemos quem merece ser silenciado.