Encontrado numa folha amassada num albergue da juventude, o
manuscrito com certeza escrito por alunos brasileiros, foi passado a um
ex-aluno da PUC-SP - atualmente desempregado - por um traficante marroquino em
Paris. Certos trechos estão rasurados e ilegíveis. Além disso, o manifesto dá
indícios de uma continuação, provavelmente perdida, dado que conta o estudante,
que ele e o traficante marroquino usaram - pelo pouco que ele se lembra - a folha anexada para bolar um baseado.
"Somos herdeiros diretos da Revolução Neolítica, da Reforma
Protestante, da Comuna de Paris, Revolução de Outubro, Primavera de Praga, Maio
de 68, Woodstock, Diretas [rasurado]; contemporâneos dos irmãos árabes
em sua primavera. Esta herança se expressa diretamente nas ricas manifestações
culturais de alto teor político-engajado-reivindicatório de corrente
estrutural-estruturante-estruturada como o [um longo trecho rasurado se segue, possivelmente citando outros movimentos populares] e os diversos maracatus de baque-virado da Vila
[nome ilegível], berço do samba; vagamos por muito tempo no limbo dos não-lugares, do
não-pertencimento e não acolhimento, por parte da sociedade, de nosso devir
revolucionário-insurgente consequencia de nossa vontade de potência..
Por muito tempo ficamos à mercê do autoritarismo superegóico
encarnado na figura paterna, recorrendo somente ao seio maternal em sua
essência edípica. Hoje, o clarão da aurora resplandece no horizonte.
Nossa luta, que emerge do próprio seio da luta de classes,
reivindica o alto e bom som dos estudantes, secretários e faxineiros. E
reivindicamos esse direito inalienável de gritarmos e nos expressarmos enquanto
tais: estudantes, secretários e faxineiros. É nossa postura de
únicos-proprietários que nos permite ultrapassar a barreira das classes e
suprir o emprego dos trabalhadores garantindo bitucas e latas de cervejas
vazias suficientes, atitude límpida e branda reprimida duramente pela reitoria,
aparelho opressor, moralista e católico.
Não nos curvamos! Como o Messias que chega pela porta
estreita para a redenção do Homem e também tal qual a nobre fênix, renascemos
das cinzas de nossos baseados para acusar, delatar, apontar com o dedo em
riste, a hipocrisisa de todos os anti-democráticos, os que querem punir,
cercear, policiar; todos os que dizem que não concordam com a nobre e justa
não-causa de nossa geração, e nos impedem de tornar nossas vidas grandes obras
de arte e grandes narrativas.
Adotando autogestionariamente – pois a autogestão é a gestão
do único – uma postura insurgente-revolucionária, lutamos por uma universidade
pública e intempestiva, fechada aos fascistas, aberta aos que lutam pelo Bem,
pela Vontade, pelos devires, pelos desvios, pela diferença, ainda que a
realidade mostre que somos todos cada vez mais iguais
Filhos [rasurado] do mundo, uni-vos!"
O manuscrito se interrompe aqui.
Muito inspirador...
ResponderExcluirCom certeza um tapa na face daqueles que não pulam!